O mercado do futebol ainda está longe de fechar e ainda muito pode acontecer, mas a contratação do guarda-redes espanhol Iker Casillas pelo FC Porto é já a maior surpresa para a época que agora se começa a preparar.
Aos 34 anos (feitos a 20 de maio), o futebolista chega ao campeonato português depois de ter representado o Real Madrid durante 25 anos e ter feito história a defender também a baliza com as cores da seleção espanhola.
Capitão por excelência ajudou na conquista do Mundial de 2010, o primeiro para a Espanha e um título que o elegeu como o melhor guardião da prova com a atribuição da Luva de Ouro.
Antes já tinha sido campeão da Europa em 2008 pela “Roja”, repetindo a façanha em 2012. Nesse ano, a goleada por 4-0 na final frente a Itália, fez dele o primeiro jogador na história a somar uma centena de vitórias por uma seleção.
Em dezembro de 2011, sai para as livrarias “A humildade de campeão”, autobiografia de Iker Casillas que a apresentou em pleno Estádio Santiago Bernabéu, em Madrid.
“É uma grande honra apresentar o livro no meu estádio, na minha casa, acompanhado da minha família [de sangue] e da família madridista”, disse, na altura, o protagonista do Real Madrid.
A obra, escrita com a colaboração do jornalista Enrique Ortego, juntou a carreira desportiva e as memórias do craque que cedo despontou para o futebol.
Com apenas nove anos, o pequeno Casillas já jogava nas equipas de formação dos merengues, tendo chegado à equipa principal em novembro de 1997. Tinha apenas 16 anos e a estreia pelos galáticos de primeira linha só aconteceu dois anos depois, na sequência da lesão do guarda-redes titular da altura, Bodo Illgner.
Assumidas as redes, nunca mais desarmou mas, agora, com contrato com o Real até 2017 quis sair e ao que consta que foi por temer perder a titularidade com a chegada de David De Gea à equipa treinada agora por Rafael Benítez e ameaçar assim a participação no Euro 2016.
No currículo, Iker conta com muitos troféus e distinções e não seria expetável vê-lo como estrela de dragão ao peito, mas a experiência do presidente portista Jorge Nuno Pinto da Costa e a argumentação do diretor-geral da SAD Antero Henrique convenceram-no a mudar.
O nome e a carreira de Casillas transportam mística, a palavra mágica que terá faltado na época passada no balneário azul e branco, mas falta saber se o castelhano vai conseguir passar a mensagem de campeão aos colegas mais novos, na sua maioria compatriotas.
Julen Lopetegui é um treinador que bem conhece e tudo parece reunido em prol de uma lua-de-mel perfeita. O madrileno já está na Invicta, tendo sido recebido segunda-feira, 13 de junho, por alguns adeptos que, no Aeroporto Francisco Sá Carneiro, gritaram palavras de incentivo e entoaram cânticos afetos ao seu novo clube.
Por enquanto, Casillas veio sozinho, mas ele já disse que contará com a companhia da namorada, a jornalista Sara Carbonero, e do filho de ambos, Martín, “em cada segundo desta apaixonante etapa” em Portugal, junto ao mar, algo que não tinha na capital espanhola.
Longe da vista e, pelos vistos, do coração, ficarão os pais do guarda-redes, Mari Carmen e José Luis, com quem ele não fala desde 2010, quando os afastou de uma sociedade imobiliária que tinha com a família para gerir o património imobiliário, avaliado na altura em 30 milhões de euros.
Segundo a imprensa espanhola, o atleta deu cinco milhões de euros aos pais, vários imóveis e um rendimento de 9300 euros por mês durante 15 anos, a troco de um pacto de não agressão às pessoas mais próximas como Sara Carbonero, e o agente, Carlo Cutropia.
A história voltou a ser público depois de Mari Carmen ter criticado a transferência do único filho para o Porto, subestimando mesmo o valor da equipa portuguesa.
A senhora já pediu desculpa pelo comentário menos apropriado, mas certo é que até desdenhou antes o facto de ter optado pelo nascimento do filho em Madrid. Isto porque vivia no País Basco, para onde o marido, polícia de profissão, se mudou para ganhar um extra para combater a ETA.
Por José Luís ser um alvo a abater, Iker não saía à rua em criança, ficando fechado no sétimo andar de um prédio sem elevador. Se tivesse vindo ao mundo em Bilbao poderia, segundo a progenitora, ter ficado pelo Athletic e ser mais acarinhado do que terá sido no Real Madrid.
Ainda sem provas dadas por cá, mas alheio a polémicas, Iker Casillas tornou-se já uma forte ferramenta de marketing, catapultando ainda mais a marca FC Porto além-fronteiras.
Após a confirmação da sua vinda, coincidência ou não, houve um crescimento de “gostos” nas páginas oficiais do clube azul e branco, fazendo mesmo que ultrapassasse o rival Benfica no Facebook e também no Twitter. Um pormenor que apenas aguça o apetite para o apito inicial da Liga que ferve ainda antes dos jogos de pré-época animarem a malta. Por enquanto, as vendas da camisola azul 12 prometem sucesso entre os aficionados do desporto-rei.
Fotos: Reprodução/ FC Porto