Mário Soares era a imagem da tristeza durante as cerimónias fúnebres da mulher, Maria Barroso, que se realizaram esta quarta-feira, dia 8 de julho. O antigo presidente da república chegou às 10h30 à igreja do Campo Grande (que era frequentada todos os domingos por Maria Barroso), onde teve lugar a missa de corpo presente. Visivelmente emocionado, Mário Soares esteve rodeado de familiares, nomeadamente dos filhos João e Isabel, dos netos e de muitos amigos. À chegada, apesar de debilitado, ainda agradeceu às dezenas de pessoas que se encontravam na porta da igreja.
Durante a cerimónia religiosa, os filhos da antiga primeira-dama tiveram oportunidade de prestaram homenagem à mãe. Sem conseguir esconder a emoção João Soares leu um poem, que o pai escreveu à mãe, na década de 60. Já a filha, Isabel Soares, sublinhou a sua “tolerância e dedicação” acrescentando que “nunca deixou de ser quem era”. Isabel agradeceu ainda a todos aqueles que apoiaram a família nestes momentos difíceis.
Após a missa, a urna seguiu para o Cemitério dos Prazeres, onde foi depositada no jazigo de família. Já no cemitério foi declamado um dos poemas preferidos de Maria Barroso, “Floriram por engano as rosas bravas”, de Camilo Pessanha. As derradeiras palavras de homenagem foram proferidas pelo secretário-geral do Partido Socialista. António Costa salientou os valores de Maria Barroso, que sempre “foi uma voz amiga, uma incentivadora, que deu força nos momentos de combate e que deu tantas e tantas alegrias”. A partida da antiga primeira-dama, que foi a única mulher fundadora do partido, deixa “um enorme vazio, que é preenchido pela memória viva daquilo que foi o seu combate”. O líder do PS acabou o discurso com um “obrigado” em nome dos socialistas e de muitos portugueses.
Entre as várias personalidades presentes no último adeus a Maria Barroso, estiveram o presidente da República, Cavaco Silva, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves e Manuela e Ramalho Eanes.
Recorde-se que a antiga primeira-dama faleceu na madrugada de terça-feira. Encontrava-se em coma desde o dia 25 de junho no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, depois de ter sofrido uma queda em casa, que lhe provocou um traumatismo craniano.
Fotos: Nuno Lomba