“Solo” é o novo desafio de Rui Massena. O maestro saiu da sua zona de conforto e trocou a batuta pelas teclas do piano, instrumento que toca desde os seis anos de idade.
“É um disco com as minhas primeiras canções, onde acho que representei uma série de influências que tenho, sobretudo da música clássica, mas também libertei o meu lado pessoal. Os meus pensamentos e as minhas emoções produziram-se em sons”. Foi desta forma que o músico caracteriza o álbum, que está há mais de quatro meses no top nacional de vendas. Isto prova que “o país tem espaço para a música instrumental”. “Fiquei muito contente por as pessoas aceitarem este meu lado”, acrescentou durante a conversa com a Move Notícias, após uma apresentação do álbum.
Com “Solo”, Massena, de 42 anos, diz ter encontrado o seu “espaço feliz”, após vários anos com projetos de direção de orquestra. “Este disco surge pela necessidade de me reencontrar, de sentir as minhas fronteiras. A direção de orquestra é maravilhosa mas esbarra nas pessoas. Foram 14 anos de projetos sucessivos, achei que estava na altura de me reencontrar. Tive que fazer uma pausa grande para ver como estava, onde estava, e encontrar novos caminhos para mim. Fiz este trabalho para mim, mas também para partilhar com o mundo. Este trabalho tardou, mas surgiu numa altura em que pude criar o meu próprio universo”, revelou, assegurando que nunca vai deixar de ser maestro. “Acho que também sou um bom músico e vou continuar a compor”, referiu.
Assim, vai andar em tour pelo país até ao final do ano, depois disso ainda não sabe o que vai fazer: “Depois espero que a vida me faça propostas e me permita andar ao sabor de tudo aquilo que me faz feliz”.
Experiência internacional
“Quando tinha 18 anos ofereceram-me uma batuta, queria ajudar as pessoas a fazer uma música melhor em equipa e foi isso que me levou para a direcção de orquestra”, recordou, com um sorriso nos lábios. Aqui começou um percurso singular, dirigiu cerca de 30 orquestras em 14 Países. “Estes projetos ajudaram-me a crescer enquanto músico, mas sobretudo enquanto pessoa”, sublinhou, sem esconder que guarda muitas memórias e histórias que nunca irá esquecer.
“Quando estive na Finlândia, em Ojesnu, quis mudar um músico de sítio, eles disseram-me que não era possível porque era a forma de ser deles. Nós latinos fazemos a música com muito impulso, mas os finlandeses fazem música com calma, este confronto de culturas é extraordinário, ajuda-nos a fazer música melhor e a respeitar os outros”, partilhou.
Reconhece que ser maestro é um trabalho solitário, “é preciso muita energia para estar disponível para as pessoas”. “Houve uma altura que perdi a vontade de o fazer, porque estava cansado. Hoje já a tenho novamente”, confessou.
Nos últimos anos a televisão deu-lhe mediatismo, tendo participado em “Nasci para Cantar”, “Operação Triunfo” e “Got Talent” (todos programas da RTP) como membro do júri. Este trabalho dá um certo prazer a Massena. “Gosto de comunicar e aquilo dá-me oportunidade de ter uma comunicação que não tenho enquanto músico. Além de garantir aos concorrentes alguma segurança nos comentários”, explicou. Para a estação pública também desenvolveu outro projeto, “Música Maestro”, com o objetivo de aproximar a música clássica das pessoas.
Irreverente na forma de estar e de fazer música, Rui Massena é também um conhecido adepto do FC Porto e o álbum inclui a música “13”, que compôs para os 120 anos do clube: “Sou um ferrenho do FC Porto, mas acima de tudo gosto de futebol, sou sócio desde os dois dias de idade e os meus filhos também. Não devemos ter medo de pôr referências nas nossas músicas, pois é onde pertencemos”.
Agora, Rui Massena vai andar pelo país, “pelo menos até ao final do ano”, a partilhar “Solo” com o público.
Fotos: José Gageiro