A temporada 2015/2016 abriu no passado domingo (dia 9 de Agosto) com um escaldante derby da capital, num jogo de características muito especiais este ano. Muito mais que um título em disputa, lutava-se pela dignidade clubística, afinal o senhor que deu tantos títulos nestes últimos 6 anos aos “encarnados”, estava no seu eterno rival, o Sporting. Num golpe magistral no ponto de vista sportinguista e inconcebível por parte do mundo benfiquista, Jesus foi o condimento que apimentou o clima no Algarve.
Efetivamente, a vitória do Sporting veio mudar uma perspectiva, a da bipolarização do futebol, com ascendente para o Benfica e Futebol Clube do Porto. Afinal, o Sporting está vivo e bem vivo, Bryan Ruiz, “Teo” Gutierrez e o consagrado Alberto Aquilani estão a galvanizar os adeptos leoninos, na esperança de uma época vitoriosa sob a égide de Jesus. Longe são os anos de João Vieira Pinto e de Jardel, porém este Sporting promete face aos jogos de pré época, bom futebol, ofensivo e acutilante, capaz de enfrentar qualquer adversário. Sem dúvida que com estes artistas novos, a música é outra e o maestro Jesus tem tido habilidade para potenciar (para já) os seus pupilos.
Se em Alvalade o clima é auspicioso, na Luz reina a desconfiança. Jogadores importantes saíram, inclusive para reforçar os rivais (Maxi Pereira) e o “cérebro” de todo o futebol “encarnado” nos últimos 6 anos abandonou o comando técnico benfiquista. Chegou Rui Vitória, mudou-se as vontades. Exige-se que o seixal tenha peso na equipa, mas será que com os ovos da formação se faz Omeletas?
Para contrabalançar esta tendência formadora, chegam Mitroglou e Raul Jimenez por quantias avultadas para a folha salarial das águias, tendo este ultimo custado cerca 9,5 milhões de euros por 50% do passe… a crise assim o determina, ou melhor, o orgulho ferido de tantos calafrios neste verão, verdadeiramente incrível no futebol português.
Enquanto a algazarra permanece no sul, no Norte a reforma de Lopetegui continua. Jackson e Danilo abandonaram o dragão por quantias “à Porto” e Oliver e Casemiro terminaram o seu vínculo de empréstimo, apesar de este ultimo ter dado algumas mais-valias financeiras ao clube da invicta. Para colmatar estas saídas chegaram nomes como Sérgio Oliveira, Danilo Pereira, Imbula e André André, jogadores de indiscutível qualidade, com destaque para o francês que apenas custou 20 milhões de euros aos cofres “portistas”. Apesar de todo este esforço no reforço da equipa, carece-se de um médio de características diferentes no plantel, um “10”, um criativo, está visto que não há isso no grupo de trabalho de Lopetegui, muito dependente do desequilíbrio a partir das alas.
Não se pode falar no Porto neste mercado de transferências sem referenciar as vindas de Maxi Pereira, excelente colmatação à vaga entregue por Danilo e de Casillas. O efeito Casillas foi muito mais do que a sua condição enquanto futebolista, que sem sombra de dúvidas é uma grande mais-valia, mas é também excelente para o negócio. De facto a sua mais valia não é apenas desportiva, mas também financeira, prova disso é a venda de camisolas e os jogos do F.C Porto transmitidos pela TVE. A figura de Iker não deixa ninguém indiferente, não fosse ele um dos melhores guarda-redes de sempre e a par de Raul, a maior figura do Real Madrid no século XXI.
Em suma, tudo vai no sentido de uma grande temporada, os três grandes estão mais equilibrados do que nos últimos 7/8 anos e o Braga e Guimarães detém excelentes jogadores capazes de causar mossa a qualquer grande clube. Para além disso, o Belenenses de Sá Pinto com as suas aquisições mantém as ambições, tal como o Rio Ave de Heldon, Paços de Ferreira de Pelé ou até os do costume, os madeirenses terão um papel decisivo tal como no passado, na luta pela europa e no título, afinal jogar nestes campos é sempre motivo de dificuldade acrescida. Que comece o campeonato!