Nascido a 21 de janeiro de 1945 e batizado João Simão da Silva foi como Marco Paulo que há muitos anos se celebrizou como cantor, vencendo com determinação a resistência do pai, fiscal das finanças de profissão, que para ele desejava carreira longe dos palcos. Inspirado pelas letras de Joselito, aos 18 anos teve aulas de canto e, três anos depois, ficou em terceiro lugar no Festival da Figueira da Foz.
Dedicado ao talento, o artista foi somando sucessos e uma legião de fãs que, no próximo ano, se lhe juntarão para celebrarem 50 anos de canções. “São eles que merecem essa festa, eu não tenho feito mais do que do que aquilo que me é exigido enquanto profissional”, confessou à Move Notícias. Nessa altura, estrear-se-á nos coliseus com um grande espectáculo da sua responsabilidade.
No mundo artístico, Marco Paulo tem “dois amores” – num tema que já confessou detestar -, mas na vida real o sentimento foca-se no afilhado, Marco António Cruz, a quem todos tratam carinhosamente por Marquinho. O jovem, de 24 anos, trabalha com ele “há três ou quatro anos”, tornando-os ainda mais inseparáveis. Afinal, “ele vive em minha casa”, acrescentou o autor de “Taras e Manias”.
Orgulhoso, não esconde que gostava que o menino que viu crescer cantasse, “mas não tem jeito nenhum”. “Conhece as músicas todas do padrinho, desde criança que se habituou a ouvir, ir a concertos, andar sempre com os fãs, mas ou se tem dom ou não resulta. Pode-se aperfeiçoar numa escola, mas agora quem tem, tem”, confidenciou Marco Paulo, lembrando que “Amália não precisou de professores para ter a voz mais bela do mundo”.
Homem de pautas e afinações, tem consciência que, “hoje em dia, podem-se pôr as pessoas que não cantam a cantar, mas depois têm os concertos ao vivo e a coisa aí complica-se e têm que mostrar o que valem”, reconheceu como que deixando o recado a fenómenos instantâneos da atualidade.
Ainda a promover “Beijinhos doces”, Marco Paulo foi surpreendido em 1996 com a sombra da doença. Aos 51 anos, viu ser-lhe diagnosticado cancro do cólon. Na altura, deram-lhe dois meses de vida mas, assim como contrariou o pai na opção profissional, driblou a morte com a mestria como passava o microfone de mão.
Com o “bicho” e as sessões de quimioterapia foram-se os caracóis que, até então, eram a sua imagem de marca. Uma mudança que reviveu com a irmã, Maria de Fátima, que este ano morreu vítima de cancro. “A minha irmã faleceu há poucos dias também de cancro e aconteceu-lhe precisamente isso também a ela. Foi há pouco tempo (…) também tinha o cabelo encaracolado e, agora ultimamente, com os tratamentos, antes de falecer, ficou com o cabelo liso”, recordou no programa da RTP1 “5 Para a Meia-Noite”.
Aos 70 anos e muito vivido, Marco Paulo já está na história como um dos mais platinados da música nacional. Em março, lançou “Diário”, o primeiro álbum de originais em cinco anos, depois de “Vida” em 2010. E, para o ano, celebra as bodas de ouro desde o dia em que deixou a graça de batismo para seguir a fama com o nome decorado por diferentes gerações como um “Amor sem Limites” e “Sempre que brilha o sol”.
Fotos: José Gageiro