A ideia de que o leite materno pode ter um efeito na cognição é plausível, por causa das longas cadeias de ácidos gordos polinsaturados, importantes para o desenvolvimento neurológico, que são mais abundantes em bebés que mamaram no peito.
No entanto, um novo estudo defende que não há ligação entre o leite materno e a inteligência da criança.
Um grupo de investigadores britânicos estudou 11.582 crianças nascidas entre 1994 e 1996. Quase dois terços receberam leite materno, em média durante quatro meses. Os cientistas acompanharam as crianças até aos 16 anos e efetuaram nove testes de inteligência, a intervalos regulares ao longo dos anos.
Depois de controlos para a educação dos pais, idade materna, condição socio-económica e outras variáveis, constataram que as meninas amamentadas no peito tinham uma vantagem pequena, mas insignificante nos primeiros anos em relação a quem foi alimentado com biberão. O efeito não transparecia nos meninos. O leito materno não foi associado a ganhos no Q.I. até à adolescência nem para meninos nem para as meninas.
A principal autora, Sophie von Stumm, da Universidade Goldsmiths, de Londres, afirmou que as mães que não oferecem o leite materno são por vezes criticadas: “Soa quase como uma acusação hoje dia, como se estivesse a prejudicar o filho de propósito. Não é nada disso, e não ajuda as mães. As crianças fazem muitas coisas que influenciam o Q.I. O leite materno não tem efeito que possa ser diferenciado da formação familiar ou da condição socio-económica”.