Ana Bustorff dispensa apresentações. A atriz, de 56 anos, é uma das mais conceituadas da sua geração. Com incontáveis papéis no teatro, cinema e televisão, a artista regressou à cidade que a viu nascer, o Porto, no último fim de semana para subir pela primeira vez ao palco do teatro Rivoli na peça “Ícones do Desporto”.
“É engraçado, acho que nunca atuei no Rivoli, se a minha memória não me falha, e é sempre um prazer voltar à minha terra”, afirmou à Move Notícias. Apesar de não ser “adepta de nenhum clube de futebol”, Bustorff não esconde o prazer que lhe deu fazer parte deste projeto: “Fiquei muito contente por ter conhecido o Fernando Gomes, trabalhar com a Sara Graça e o Miguel Loureiro. Foi uma experiência absolutamente extraordinária, que me dá uma enorme alegria. Trabalhar para uma coisa pela qual estou apaixonada melhor ainda, como é o caso”.
A atriz, que nem pensou duas vezes quando lhe foi feito o convite, salientou ainda que nas artes “há espaço para tudo”, até para falar de futebol.
Carreira de bióloga ficou para trás
Foi aos 17 anos que Ana Bustorff pisou pela primeira vez o palco, o que viria a ser uma mudança na sua vida. Chegou a estudar Biologia na universidade, mas preferiu seguir o caminho da representação. “Havia nisso um lado muito romântico, era para mim como o “África Minha”. Uma mulher partir para um continente estranho de mochila às costas a estudar todo o tipo de animais e depois encontrava o seu príncipe encantado”, confessou, acrescentando que deixar a biologia de lado não lhe traz “arrependimentos”.
Até porque considera o teatro como uma das suas “moradas”. “O palco sempre fez parte da minha vida. Só a partir do momento em que fui viver para Lisboa, aos 30 anos, é que comecei a fazer mais televisão, sempre com o teatro e o cinema muito presentes na minha cabeça, embora, qualquer arte seja nobre. Faço uma coisa que adoro e para a qual me pagam”, referiu, sem esconder que a representação a ajuda a crescer “enquanto pessoa”.
“Cada vez mais procuro um despojamento como atriz, em cinema, em televisão… Essa simplicidade que é única e verdadeira. A minha experiência ensina-me que sei pouco e que as coisas têm que ser feitas com muita alma e muita essência para tocarem os outros e nos tocarem a nós”, explicou.
Seja em que área for, Ana Bustorff só tem uma condição para aceitar um papel: “Quero fazer coisas que me desafiem”.
Depois de “Ícones do Desporto”, vai regressar ao palco com a reposição da peça “Pocilga”. Além disso tem marcado um reencontro com o realizador João Canijo para um filme. O cineasta e Bustorff trabalharam juntos num dos trabalhos mais marcantes da carreira da artista, “Sapatos Pretos” (1998): “É um filme que jamais esquecerei. No cinema, foi sem dúvida o projeto que mais me marcou”.
Os telespetadores também a vão poder ver em breve no grande ecrã, após uma pequena participação em “Jardins Proibidos” da TVI, a atriz vai entrar “num episódio da nova série da RTP”, cujo nome ainda não foi revelado.
“A minha carreira é uma caminhada sem fim”, finalizou Ana Bustorff, que vive intensamente o “agora” e que promete continuar a partilhar o seu talento com o público.
Fotos: Move Notícias