José Fidalgo despediu-se há poucos meses do inesquecível vilão Gonçalo de “Mar Salgado” e já está a abraçar um novo projeto. O ator, de 36 anos, é o Príncipe no musical “A Cinderela no Gelo”, que vai estar em cena entre o dia 27 de novembro e o dia 10 de Janeiro no Mar Shopping, em Matosinhos. “O que me levou a aceitar este desafio foi o facto de ter os patins nos pés e também poder cantar. Há muito tempo que desejava fazer um musical, mas sempre acreditei não ter capacidade vocal para o fazer, por isso fui deixando esse desejo para trás, até que surgiu este convite”, contou à Move Notícias.
Nas últimas semanas os ensaios têm sido intensos, até porque só tinha experimentado andar de patins no gelo “uma vez” por brincadeira. “É muito mais difícil do que estava a pensar, à medida que envelhecemos vamos perdendo aquela vontade de arriscar, ficamos mais inseguros e somos mais cautelosos em relação ao risco. Esse foi um dos motivos que também em levou a aceitar este convite, de forma a não perder a vontade de dar a volta ao medo”, revelou, acrescentando que este projeto é uma forma de sair da sua zona de conforto. Agora, diz sentir-se “mais seguro, mas ainda com muita coisa para aprender”.
O facto de ter de cantar, não assusta o ator, que tem sido incansável na preparação da personagem: “Todos nós temos a capacidade de cantar e trabalhar a nossa voz, a não ser que haja uma questão médica, se encantamos, isso já é diferente. Cantar é a forma de liberdade de expressão mais limpa e transparente que existe”.
José Fidalgo contracena com Liliana Santos, que dá vida à Cinderela, e diz que a sua personagem existe para “dar brilho à princesa”: “Eu sou o final feliz. Este príncipe é um suporte para a verdadeira protagonista. Mas a responsabilidade é a dobrar, porque a contracena é a mais importante, se o ator ou atriz com quem estamos a contracenar brilha mais do que nós, isso deixa-nos motivados. Aqui a minha função é dar brilho à Liliana”.
Papéis de vilão
Nas últimas novelas em que participou – “Mar Salgado”, “Dancin’ Days” e “Rosa Fogo” – tem dado vida a vilões, e Gonçalo, sem dúvida que foi a personagem mais marcante para o ator. “Sim, por causa de todos os dramas, da pressão psicológica da personagem e de ter de assumir todas aquelas atitudes… É complicado. Gravávamos muitas cenas por dia, era muito intenso, mas houve um espírito de equipa muito bom que ajudou”, contou, sem esconder o orgulho que tem pelo trabalho que realizou e que também marcou os telespectadores.
Vilão ou não, o ator gosta de personagens “complexos”: “O que dá gozo não é o facto de ser mau, é a componente psicológica, porque é um desafio constante e enorme”.
A representação surgiu na vida de José Fidalgo aos 17 anos, quando frequentava o secundário e a sua estreia deu-se com a peça “Metrópolis”. Reconhece que o caminho não foi fácil: “Há grandes dificuldades de ser ator, mas é muito apaixonante, porque saímos da nossa carcaça, permite-nos viver outras emoções e isso enriquece-nos enquanto pessoas”.
Ao longo destes anos passou pela ficção dos três canais generalistas e defende que “a qualidade tem melhorado”, porque o público assim o exige. “Tem havido uma preocupação de aproximar a ficção das pessoas e haver um paralelo com a sociedade em que vivemos, por isso o público sente-se identificado. Acho que nesse sentido temos evoluído bem e num curto espaço de tempo”, refere, apontando que o sucesso das novelas nos últimos anos se deve também à crise: “As pessoas tiveram de abdicar de ir ao cinema, ao teatro, jantar fora… passam mais tempo em casa e, por isso, veem mais televisão”.
A paixão pelas motas
No ano passado José Fidalgo teve a oportunidade de regressar à apresentação com “A Rota dos Vinhos”, depois de se estrear nesse papel no “Clube Disney” (RTP), em 2000. “Já com o ‘Clube Disney’ adorei a experiência porque viajávamos pelo país, nesse sentido ‘A Rota dos Vinhos’ proporcionou-me uma experiência semelhante e conheci o enólogo Hélder Cunha, que se tornou um amigo inseparável. Claro, que gostava que houvesse uma segunda temporada, porque há uma infinidade de quintas e pessoas que fazem excelentes vinhos”, afirma. No entanto, não esconde que gostava de ter “um programa sobre motas”.
A sua paixão por motas impulsionou-o a escrever uma curta-metragem sobre elas: “Acho que há necessidade e mercado para fazer uma curta-metragem ou um filme que tenha a mota como protagonista”.
Este amor surgiu quando tinha 31 anos. “Sinto-me livre e ao mesmo tempo desprotegido quando conduzo uma mota e isso faz-me bem”, confessa. Depois de “Cinderela”, já tem planos de partir num veículo de duas rodas pela Europa, para conhecer novos lugares e novas pessoas.
Carreira internacional
Com uma capacidade camaleónica, onde joga com a imagem a favor dos personagens a quem empresta o seu carisma, José Fidalgo encontra-se entre os atores cujo dístico sex symbol assenta como uma luva, nada que o incomode: “Acho que todos nós gostamos de ouvir elogios, faz-nos sentir bem. Eu não sou diferente”.
Quando faz castings internacionais, o que acontece com frequência, também é rotulado de galã. “Podem-me chamar de galã à vontade, se me derem o papel eu serei o melhor galã que possa ser”, assegura. Para já, ainda não surgiu a oportunidade internacional, mas a estrela nacional não desiste, e não põe de parte ir viver para fora do país, tal como aconteceu com outros colegas, como Ricardo Pereira, Diogo Morgado ou Daniela Ruah.
Fotos: RJR