O espanhol Alberto Pardo Touceda, de 33 anos, que mora em Estrasburgo, na França, teve uma terrível surpresa quando na tarde de domingo (15), abriu o Facebook. No seu mural teve conhecimento da sua própria morte e leu várias mensagens de condolências. “Sempre nos lembraremos de ti, Alberto”, diziam alguns amigos. “Descansa em paz”, escreviam outros.
Após receber as condolências pela própria morte, Alberto ficou a saber pelo “El País” que era oficialmente, com base nas informações das autoridades francesas, um dos mortos no atentado do estado Islâmico em Paris.
Durante várias horas, a imprensa espanhola noticiou a sua morte e procurou dados para o seu obituário. Só que o espanhol não saiu de Estrasburgo no fim de semana do ataque. No entanto, o seu nome, os seus dois sobrenomes e a sua cidade de origem, Pontevedra, não deixavam lugar a dúvida: estava morto.
Foi o dia mais triste e mais feliz na vida dos pais de Alberto. Dois agentes à paisana foram a casa da mãe do rapaz, pediram a Pilar Touceda que se sentasse, e comunicaram-lhe que o seu filho havia falecido em Paris. Alberto estaria entre as vítimas da sala de espectáculos Bataclan.
A casa de Pilar, mãe de Alberto, já estava cheia de familiares e amigos, quando uma prima verificou o Facebook e viu uma mensagem do rapaz a dizer que estava vivo. “Sei lá… Eu vejo-me a mim mesmo neste momento e diria que estou vivo… Mas se vocês continuarem a escrever coisas tão bonitas sobre mim, talvez eu tenha de morrer para não os deixar ficar mal… Além do mais, se o ‘El País’ o está a dizer, deve ser verdade (…). Caramba, que pressão precisar desmentir a própria morte, pensei em alguma brincadeira que marcasse o momento para sempre, mas achei que livrá-los dessa sensação de merda o mais depressa possível era prioritário”, escreveu Alberto na rede social.
Depois telefonou aos pais, disse que estava bem, que não tinha ido a Paris, nem sequer tinha saído de Estrasburgo. Pediu desculpas porque o seu telefone estava desligado e fora de serviço. Pediu ainda que a família ficasse tranquila, pretendia voltar no Natal, mas anteciparia a viagem para se encontrar com eles. Logo em seguida telefonaria para o consulado para avisar que não estava morto. E comentou que o erro poderia ter acontecido devido ao roubo do seu bilhete de identidade anos antes, algo que na altura havia denunciado na polícia.