Começou a sua carreira há mais de uma década quando se aventurou no mundo da moda. Desde então fez alguns papéis como atriz e encontrou na apresentação uma área de interesse. No entanto quando a crise se fez sentir, Carla Matadinho, que se assume “uma mulher polivalente”, criou junto com o companheiro Paulo Sousa Costa, a produtora Yellow Star, empresa na qual desempenha vários papeis e onde “faz tudo para a levar a bom porto”.
“Tenho um papel muito ativo na empresa, há uma equipa grande para gerir projectos, para pensar…”, salienta a empresária que tem, para 2016, algumas surpresas. “O ano está completamente desenhado e embora ainda não possa desvendar muita coisa, vêem aí novos desafios e seguiremos também com os espetáculos que estão em cena”.
Foi nessa vertente de produtora que Carla Matadinho decidiu, de “há três anos para cá”, promover sessões inclusivas em cada uma das produções da companhia: “Já há algum tempo que temos como política fazer com que o teatro chegue a todos, tendo em conta a necessidade de pensar nos outros, numa sociedade que não está de todo preparada para as pessoas diferentes”. Nessa prespetiva, juntamente com a sua equipa, Carla construiu uma forma de levar cegos, surdos e mudos ao teatro.
“Não conseguimos que todos os espetáculos sejam inclusivos, mas tentamos que em cada produção da Yellow Star, haja um ou dois, mediante a procura”, explica à Move Noticias a empresária empenhada em mudar mentalidades, ressalvando a “importância de passar a palavra para que as pessoas saibam que têm estas oportunidades”, influenciando também outras companhias a pensar “na diferença”.
“Acho que devia ser obrigatório que em todas as produções que se fazem, mesmo no cinema e nas outras artes do espetáculo, que houvesse esta frente inclusiva para que a cultura esteja de facto ao alcance de todos. De outra forma essas pessoas não têm acesso às ofertas que o país apresenta, quando os direitos continuam a não ser iguais para todos”.
Para levar a cabo as referidas sessões, a empresária conta com uma vasta equipa capaz de proporcionar experiências sensoriais (no caso dos utentes com deficiência visual) e outros que traduzem o espetáculo em língua gestual. “No caso dos cegos, pedimos que se inscrevam com antecedência para que no início da sessão haja uma visita técnica onde contactam com o palco, com cada ator, tocam nos figurinos e é-lhes explicada toda a dinâmica. Durante o espetáculo está uma pessoa na Regi a fazer a áudio descrição de forma muito pormenorizada através dos auscultadores que lhes são facultados”, explica.
“O bichinho da moda continua cá”
À margem da profissão que exerce atualmente na sua empresa, Carla Matadinho, de 32 anos, não esquece a área que a levou às luzes da ribalta: a moda.
“O bichinho continua cá mas agora estou noutra fase da minha vida” começa por dizer, adiantando que se considera “uma pessoa de palco”, tendo trabalhado muito “para singrar, quer na moda quer na apresentação”. Apesar dos “efeitos da crise que se tem feito sentir”, também nessa área, a manequim pretende dar continuidade ao trabalho que a deu a conhecer, “enquanto achar que estou bem fisicamente, vou-me mantendo a par e aceitando os trabalhos que achar que fazem sentido”.
Letícia adivinha-se artista
Envolvia em vários projetos, Carla tem sempre tempo para a pequena Letícia. A menina, de três anos, furto da relação com o produtor Paulo Sousa Costa, faz as delícias dos pais que segue para todo o lado.
“A Letícia está sempre no palco”, relembra a mãe, crente que a sua mais que tudo “será artista”. “Se ela tiver vocação em alguma das áreas do espetáculo, serei a primeira a apoiá-la”, garante, com a certeza de que “iria salvaguardá-la dos prós e contras” do meio que conhece tão bem.
“O mais importante é que ela seja feliz e tenha saúde”, sublinha, feliz no seu papel de mãe, sem esconder o desejo de repetir a experiência: “Gostava de dar mais irmãos à Letícia, mas cada coisa a seu tempo”.
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