Hélder Reis

Apresentador de Televisão

O Natal é irritantemente…

O Natal é irritantemente bonito e bom. Só porque permite que sejamos bonitos e bons uma vez, com a justificação de que mais vale uma vez bom, do que nenhuma. E lá nos deixamos levar pelas ondas solidárias, os cabazes de consoada, as mantas para os sem-abrigo, os jantares bem querentes. Dia 1 de Janeiro. Não temos tempo, adorava ajudar mas…, as luzes pisca pisca apagam-se e o nosso mundinho fica às escuras, o nosso e o dos que no Natal beneficiaram da solidariedade das Marias que vão com as outras. Batemos palmas e somos todos felizes no Natal.

As empresas ganham fortunas com a solidariedade. As pessoas ganham fortunas por ajudarem e os designados necessitados ficam felizes uma vez por ano. E batemos palminhas.

Eu não sei se concordo com a ideia: antes fazer o bem uma vez, do que nunca. Eu não sei se gosto da solidariedade calendarizada e natalícia. Contudo, ajudar é sempre ajudar. Quem precisa, uma única ajudada é abissalmente melhor do que nenhuma. Se gosto do circo à volta tudo isto, e com presépio e árvore de Natal? Este ano acho que não gosto. Acho mesmo que odeio, e odiar é tão feio numa altura de paz, amor e esperança (citação de um postal de Natal).

Eu faço parte de todos estes esquemas estratégicos de ser solidário. Não sei é se me apetece para o ano. Os 40 são tramados.

Feliz Natal

Palminhas!