A ortorexia é um transtorno alimentar, que surge quando a pessoa se torna obcecada por comer comida saudável e controla de forma excessiva os alimentos que ingere. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 28% da população dos países ocidentais sofra desta doença, principalmente adolescentes e mulheres.
As pessoas que sofrem deste transtorno começam por limitar a ingestão de ovos, carne vermelha, lacticínios, açúcares e gorduras, não sendo conscientes de que é necessário ter uma alimentação equilibrada.
Aqueles afetados por ortorexia criam as suas próprias regras em torno alimentos e usam os seus “critérios” para decidir o que é saudável e o que não é. Esta doença é muito semelhante à anorexia e bulimia, no entanto, os anoréticos e os bulímicos controlam a quantidade de alimentos que consomem, enquanto que os ortoréticos apenas controlam a qualidade da comida.
Esta doença pode levar ao isolamento social, pois as pessoas dedicam muito tempo a planear o que vão comer e a deslocar-se a locais especiais onde podem comprar comida saudável.
Carrie Armstrong, uma apresentadora de eventos desportivos de 35 anos, aceitou dar o testemunho de uma ortorética, numa entrevista ao “The Telegraph”. A obsessão por comer de forma saudável começou há oito anos, quando um vírus a deixou de cama. Depois do médico lhe ter dito que a medicação “normal” pouco podia fazer para acelerar a recuperação, Carrie Armstrong começou a procurar, na internet, respostas diferentes nas medicinas alternativas e em dietas para melhorar o corpo.
Foi então que Armstrong começou a ler “sobre as transformações em quem desistia da carne e do açúcar”, e logo depois “dos carbohidratos”. “Foi a partir daí” que se instalou a obsessão por comer de forma saudável, estimulada pelas promessas, em sites e fóruns de saúde, de melhorias na energia e na atenção.
A mulher deixou de consumir qualquer alimento que tivesse relação com um animal ou que tivesse sido cozinhado. “Cheguei a uma fase em que só comia melão orgânico, pois é à base de água, e não conseguia ver como me estava a intoxicar. Cada vez que tentava ingerir outra coisa havia alguém – um nutricionista, um ‘blogger’ bem intencionado ou um membro de um fórum de saúde – a alertar-me que estava a fazer algo errado”, recordou.
“Nem sequer estava a fazer isto para emagrecer ou perder peso”, realçou Carrie Armstrong, acrescentando: “Só queria curar-me e ficar limpa. Há uma descarga de adrenalina para cumprir com isto e fico stressada se como algo que considero prejudicial”.
Só quando passou a viver com uma amiga é que Carrie se apercebeu da doença: “Um dia, quando cheguei com mais um kit de detox, ela disse-me ‘O que estás a fazer? Isso parece um desperdício da vida’. Foi então que percebi que não havia nada saudável no que eu estava a fazer”.
A ortorexia está a chamar cada vez mais à atenção dos especialistas e estes mostram-se preocupados com a proliferação de sites e blogues com receitas milagrosas para emagrecer, perder peso ou viver de forma mais saudável, muitas das vezes sem qualquer sustentação científica.