Aos 55 anos, o treinador assume um dos maiores desafios da sua carreira: despertar no FC Porto a mística adormecida. A estreia aconteceu no domingo a ganhar ante o Marítimo e José Peseiro já prometeu melhor futebol.
No lugar que antes pertenceu a Julen Lopetegui, o técnico sabe que há pouca margem para errar, até porque entrou determinado em ganhar as provas onde a equipa azul e branca ainda continua e há que conquistar a cética massa associativa .
Nascido em Coruche, onde o estádio tem o seu nome, Peseiro é um aficionado de touradas a até já enfrentou touros. No futebol, os riscos são outros, mas também nunca virou as costas até aos maiores críticos.
Conhecido como o “treinador do quase” por, na época 2004/05, em apenas uma semana, perder na Luz e ficou afastado do título nacional para, logo a seguir, ser derrotado, em casa, na final da Taça UEFA, pelo CSKA Moscovo, Peseiro soma agora larga experiência internacional, após ter passado pela Arábia Saudita, Grécia e Emirados Árabes.
Curiosamente, o único título que ganhou como treinador principal foi contra o FC Porto. Foi na final da Taça da Liga em 2013, quando estava nos comandos do Sporting de Braga, com uma penalidade convertida por Alan.
Na “cadeira de sonho” portista, José Peseiro não tem vida facilitada, estando a cinco pontos do líder Sporting. Mas, tudo está ainda em aberto e à desejada Liga, juntam-se a Taça de Portugal e a Liga Europa.
No Dragão, reencontrou Iker Casillas, com quem trabalhou no Real Madrid, enquanto adjunto de Carlos Queiroz, em 2002/2003, e cujo fim nas balizas vaticinou há dois anos. Isto porque “nenhum treinador consegue aguentar um guarda-redes que esteja constantemente a dar erros. O fim de Casillas está próximo”, disse, longe de imaginar que se voltariam a cruzar.
Entre as amizades do novo “mister” do FCP, conta-se José Mourinho, com quem tirou o curso de educação física na faculdade e frequentou o curso de treinador. Picaram-se há uns anos, em prol do clube que representavam, mas o “Special One” já o assumiu como um dos poucos com quem pode contar.
A família é o grande pilar na vida de José Peseiro. Fátima, a mulher, é o apoio incondicional, seguindo-o para todo o lado. Agora mais comedida, ainda na Madeira, quando o marido estava no Nacional, fez parte da claque feminina, equipando-se a rigor para os jogos onde, entre adeptos, cantava e vibrava com o futebol.
O casal tem dois filhos, Susana, de 23 anos, e Vítor, de 31 anos, que sempre seguiram muito de perto a carreira do pai. O rapaz cresceu e seguiu-lhe as pisadas, sendo agora observador do Porto. É pai de uma menina, Matilde, de dois anos, que enche o avô de orgulho e o faz esquecer o lado amargo da profissão.
Fotos: José Gageiro / facebook