A obesidade infantil está a aumentar de forma galopante nos países em desenvolvimento e, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a culpa pode ser da publicidade.
O número de crianças abaixo dos cinco anos com excesso de peso aumentou em 10 milhões, nos últimos 15 anos. A taxa, que em 1990 era de 4,8%, passou para os actuais 6,1%, revelou ontem a OMS, que aponta o dedo ao marketing e à publicidade, sem restrições no que toca aos refrigerantes e a outras bebidas açucaradas.
O contributo da publicidade para que as crianças comam cada vez pior e para a atual epidemia de obesidade infantil tem sido comprovada por sucessivos estudos. Um dos mais recentes foi realizado pela Universidade de Liverpool que avaliou o impacto da publicidade a alimentos não-saudáveis no seu consumo por crianças e adultos e concluíram que, no caso dos mais novos, a exposição a anúncios de televisão ou na internet levou a um aumento significativo da ingestão destes alimentos. Mas o mesmo não aconteceu no adultos. A pesquisa revelou ainda que o impacto nas crianças é o mesmo em qualquer um dos meios utilizados.
“A nossa análise mostra que a publicidade não influencia apenas a preferência por uma marca, mas impulsiona o consumo. Dado que quase todas as crianças, nas sociedades ocidentalizadas, estão expostas, numa base diária, a grandes quantidades de publicidade a alimentos não saudáveis, esta é uma preocupação real”, afirmou Emma J. Boyland, responsável pela equipa de investigadores.
Boyland adiantou ainda que o aumento gradual da ingestão de calorias resultou na “atual epidemia de obesidade infantil” e defende que o marketing alimentar tem um papel crítico nesta matéria.