Uma caricatura publicada na última edição do “Charlie Hebdo” está a gerar uma onda de revolta e até a rainha da Jordânia se manifestou.
O caricaturista e diretor da publicação satírica francesa, Laurent Sourisseau “Riss”, aproveitou o recente alarme causado por abusos sexuais e roubos em massa, na Alemanha, na noite da passagem do ano – e que têm como presumíveis autores requerentes de asilo -, para imaginar o futuro da criança síria, de três anos, que se afogou numa praia da Turquia, caso a sua viagem para a Europa tivesse sido bem-sucedida.
“O que teria sido o pequeno Aylan se tivesse crescido? Abusador de mulheres na Alemanha”, assinala o desenho, no qual se vê uma imagem da criança, cujo corpo apareceu em setembro numa praia da Turquia, juntamente com a de dois jovens a perseguirem várias raparigas.
Nas redes sociais, a Rania publicou um desenho do caricaturista jordano Osama Hajjaj, que dá uma visão alternativa: ao lado do pequeno afogado, uma menino mais velho a usar uma mochila escolar e depois, um médico.
A caricatura foi publicada em árabe, inglês e francês com a mesma pergunta inicial do jornal francês: “No que teria se transformado o pequeno Aylan se tivesse crescido?”. A rainha respondeu: “Aylan poderia ter sido médico, professor ou pai carinhoso”.
Pai do menino reage com lágrimas
Já o pai do pequeno Aylan, disse à AFP que chorou, depois de ver o desenho. “Quando vi a caricatura, chorei”, desabafou Abdullah Kurdi. “A minha família ainda está abalada”, acrescentou.
Num comunicado, o pai de Aylan chamou o desenho de “desumano e imoral”, afirmando que era “tão mau quanto as ações dos criminosos de guerra e terroristas” que causaram mortes e migrações em massa na Síria e em outros países.
Aylan, de três anos, morreu afogado na travessia do mar Egeu entre a Turquia e a Grécia. A sua imagem, morto na praia, percorreu o mundo e provocou uma grande mobilização internacional pelos refugiados que tentam chegar à Europa.
O irmão de Aylan e a sua mãe também morreram na tragédia.