Na primeira sessão do julgamento, em que Manuel Maria Carrilho responde pela acusação de violência doméstica contra Bárbara Guimarães, a apresentadora descreveu agressões e ameaças, que começaram em 2012.
A primeira agressão física aconteceu depois de um episódio do “Toca a Mexer”, programa que ela apresentava, no qual dançou com o ex-futebolista Futre. Quando chegou a casa, o rosto da SIC contou que Carrilho a humilhou: “Deu-me dois ou três pontapés”.
A juíza perguntou a Bárbara se antes desta situação não tinham ocorrido outros sinais de violência, ao que esta respondeu positivamente, recordando um debate televisivo em 2005 que opôs Manuel Maria Carrilho, candidato à Câmara Municipal de Lisboa, pelo PS, a Carmona Rodrigues, do PSD. Já de pé e pronto para abandonar o estúdio da SIC, Rodrigues aproximou-se de Carrilho, estendeu-lhe a mão para o cumprimentar, mas este recusou o aperto de mão. “Estávamos na cozinha. O meu ex-marido perguntou-me: ‘Não dizes nada? Não tens nada a dizer sobre o debate?’ E eu disse que achava que se até ali ninguém ligava ao Carmona Rodrigues, a partir dali ele iria começar a subir nas sondagens. E ele respondeu: ‘És mesmo estúpida. És muito estúpida!’ Foi a primeira vez que ele me chamou estúpida. Depois disso, ‘estúpida’ passou a ser uma palavra que fazia parte do casamento”.
A apresentadora confessou, ainda, que não avançou mais cedo com a queixa por medo. “Ele não vai parar enquanto não me destruir” e “era capaz de me matar”, garantiu, acrescentando que em 2013 pediu várias vezes o divórcio.
Só “em Outubro de 2013 disse para mim: sim, sou uma vítima”. Isto depois de mais uma cena de violência: “Ele levou-me para o sótão, pôs-me virada para as escadas, disse-me, ‘vai pelas escadas, bates com a cabeça e eu e os teus filhos ficamos a rezar por ti’”.
Nesta altura, a juíza censurou a apresentadora. “Causa-me alguma impressão a atitude de algumas mulheres” vítimas de violência, algumas das quais “acabam mortas”. Aqui Bárbara Guimarães mostrou arrependimento por não ter apresentado queixa contra o ex-marido mais cedo: “Se fosse hoje faria tudo ao contrário do que fiz na altura e à primeira agressão teria imediatamente feito queixa”.
A próxima sessão do julgamento está marcada para dia 19.
Fotos: Alexandra Martins do Vale