Um grupo de investigadores eslovenos anunciou ter conseguido provar a relação entre o vírus Zika e a microcefalia ao investigar o caso de uma grávida eslovena que foi infetada durante uma estada no Brasil.
Mara Popovic, do Instituto de Patologia da Faculdade de Medicina de Liubliana, avançou, durante uma conferência de imprensa, que o vírus foi encontrado nos neurónios do cérebro do embrião da mulher, contagiada no início da gestação.
No último trimestre da gravidez, em outubro passado, foram detetadas por ecografia muitas irregularidades no desenvolvimento do feto e da placenta, pelo que se iniciaram as investigações, embora então não houvesse ainda qualquer suspeita de que se tratasse do Zika. Devido aos maus prognósticos e aos graves danos no cérebro do feto, a mulher decidiu interromper a gravidez.
A autópsia e as investigações posteriores confirmaram que os problemas no desenvolvimento do cérebro do feto se deviam à infeção pelo vírus, com o qual a grávida tinha sido contagiada e que tinha transmitido ao embrião através da placenta.
De acordo com a especialista, fica assim demonstrado que o Zika ataca sobretudo as células nervosas do feto e confirmam-se as fortes suspeitas dos especialistas sobre a relação da microcefalia com o vírus.
Tatjana Avsic Zupanc, do Instituto de Microbiologia e Imunologia, indicou que o feto pode ser contagiado com o vírus em qualquer fase da gestação, mas que os danos mais graves ocorrem no primeiro trimestre da gravidez.
Os últimos dados das autoridades sanitárias do Brasil, o país mais afetado, com entre 440 mil e 1,3 milhões de infeções pelo Zika, apontam para um assinalável aumento do número de recém-nascidos com microcefalia na região nordeste do país.
O Governo brasileiro declarou mesmo, no ano passado, um alerta sanitário perante o aumento de casos de microcefalia em bebés recém-nascidos, devido à suspeita de poderem estar associados ao vírus, o que agora se comprovou.