As mulheres que se vão submeter a tratamentos que afetam a fertilidade, como a quimioterapia, agora têm um novo recurso para ter filhos: o congelamento ou criopreservação do tecido ovariano.
Ainda considerada experimental, a técnica consiste em retirar um pedaço ou até metade do ovário através de uma videolaparoscopia. Em seguida, o tecido é congelado em fragmentos de 1 centímetro, em nitrogénio líquido, à temperatura de -196º graus. O ovário pode permanecer congelado por tempo indeterminado, já que o tecido não envelhece.
Mais tarde, a paciente pode realizar o reimplante do tecido ovariano, caso o órgão remanescente tenha sido danificado durante o tratamento, o que ocorre na maioria dos casos. O tecido é reimplantando também através de uma videolaparoscopia. Espera-se que entre dois e três meses após a cirurgia o órgão retome as suas funções hormonais e a paciente possa engravidar de forma natural ou por fertilização in vitro (FIV).
Os especialistas ressaltam que a opção do reimplante é importante mesmo para mulheres que não querem engravidar, já que o ovário desempenha uma importante função endócrina.
Em comparação com o congelamento de óvulos ou de embriões, a criopreservação do ovário é mais complexa. No entanto, em alguns casos, é a única esperança para as mulheres que desejam engravidar – e é a única forma de tentar restaurar a função hormonal do ovário, caso este se deteriore após o tratamento.
“A grande inovação desta técnica é que ela dispensa tratamento prévio e o tempo necessário para o congelamento de óvulos”, explicou Maurício Chehin, especialista em reprodução assistida do Grupo Huntington.