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Taxista que testemunhou tragédia de Caxias diz que a mulher “tentou suicidar-se”

O taxista que deu o alerta à Capitania de Lisboa sobre o caso da mulher que se terá lançado com as duas filhas ao rio Tejo, em Caxias, acredita que a mãe das crianças agiu deliberadamente. O homem relatou, em entrevista à TVI, que, apesar de a mulher ter pedido ajuda para salvá-las, “dá a impressão de que houve uma coisa de arrependimento” e que “algo de errado se passou”.

O taxista contou que viu um carro mal estacionado quando passava pela zona, mas não deu importância, pois pensou que pertencia a um pescador… até que ouviu gritos: “Espreitei e vi dentro de um buraco de água um vulto ou dois aos gritos. Quando espreitei, vi lá no buraco vultos, acho que pelo menos duas pessoas eram, e havia gritos mais fortes e mais finos, portanto devia ser uma criança que estava lá”.

Ao se deparar com esta situação o homem ligou ao 112 e tentou obter ajuda na estrada, sem sucesso. Então, decidiu descer a escada e tentar salvar a mulher. “Mas quando cheguei mesmo a descer, ganhei um bocado de medo porque o mar estava bravo, as ondas estavam quase a chegar ao muro”, confessou.

“Quando cheguei lá, a pessoa estava a ir-se embora, ela estava só aos gritos, eu gritei para ela deitar uma mão à pedra, e ela deitou, e cheguei lá, mandei-me para dentro do buraco”, explicou. O taxista conseguiu alcançar a mulher, “mas ela perdeu os sentidos”. Após reanimá-la, contou que a mulher começou aos gritos e pediu ajuda para salvar as filhas. Apesar de não ter visto nenhuma criança inicialmente, disse que acha ter ouvido “três ou quatro gritos de crianças”.

A mãe das crianças continuou a gritar: “Minhas filhas, salve-as, salve-as”. Em seguida, “pediu para a deixar ir porque a dor era muito grande”.

“Telefonei outra vez ao 112 e disseram que eu não tinha feito chamada nenhuma, até fiquei um bocado aborrecido”, adiantou. Após levá-la para perto da estrada, o taxista disse que viu “uma menina parada num carro” e pediu para que ela cuidasse da mulher, enquanto ia ver se encontrava as crianças: “Corri outra vez entre as pedras, fui lá ao buraco para chamar ‘meninas, meninas, meninas’ e estive ali durante três, quatro minutos e não vi mais ninguém”.

Entretanto, chegaram as autoridades e o taxista disse que ouviu inicialmente a mulher dizer a alguns agentes que tinha ido “fazer xixi com as meninas nas pedras”.

“Nós três (o taxista e os agentes) falamos logo ‘isto é impossível, ela não vai fazer xixi a 10, 15 metros entre as pedras, fazia ali logo ao pé das escadas’, ela tentou suicidar-se de certeza, foi a análise que fizemos”, revelou. “Para mim, a mais velhinha desapareceu, que devia ter força para dar uns gritos, a outra não tinha força nenhuma, (tinha) 19 meses”, acrescentou.

O corpo da menina de 19 meses foi encontrado numa zona de rebentação em Caxias, menos de uma hora depois de ter caído à água. Já a criança de 4 anos continua desaparecida.

Probabilidades de encontrar a segunda menina são reduzidas
As buscas para encontrar a menina desaparecida foram retomadas às 7h30 desta sexta-feira. No entanto, o Comandante Malaquias Domingues disse que “já são muito reduzidas as probabilidades de encontrar o corpo”. As buscas vão manter-se com duas embarcações ao longo da margem norte do rio e nas praias da Costa da Caparica.

O responsável da Capitania do Porto de Lisboa explicou à agência “Lusa” que a “passagem dos dias” desde o desaparecimento, “as correntes e a determinação do sítio” onde o corpo possa estar são as principais causas para ainda não se ter encontrado a criança.

Durante o fim de semana vão manter-se as buscas, mas apenas com uma embarcação e igualmente com uma patrulha terrestre nas praias da Costa da Caparica.