Quase a fazer 24 anos, a atriz que podemos ver como a vilã Catarina em “Coração d’ouro” na SIC é uma das revelações da atualidade, sendo certo que o seu talento vai muito além da representação.
Num papel que “é a complexidade da cabeça aos pés” e que encara como “uma oportunidade daquelas”, Mariana Pacheco assume que já sentiu mais o peso do protagonismo “no início, pelo facto de ficar muito ansiosa e nervosa”. “Mas, ao mesmo tempo que é uma responsabilidade muito grande, isso também acaba por demonstrar alguma seriedade e acho que estou muito mais empenhada, muito mais dedicada a muito mais a sério. Penso que, que de alguma forma, redescobri ou apaixonei-me por esta profissão desde que estou a fazer este projecto”, confessa em conversa com a Move Notícias.
Com tantas cenas intensas na novela de Carnaxide, a jovem chega ao fim do dia “algumas vezes” no limite. Isto porque, “quando estamos fora da nossa zona de conforto, temos tendência a crescer mais, a evoluir e eu tenho sentido isso desde o início desta novela, ou seja, nunca senti uma estagnação, todos os dias vou em pânico porque tenho aquela cena para fazer e isso puxa muito por mim e, ao fim do dia, chegar esgotada a casa é a melhor coisa que posso sentir porque é sinal que estou a puxar por mim todos os dias”.
A maldade na ficção sai perfeita e muda o ar de menina Da protagonista que garante, “a nível de expressões”, não ensaia previamente por achar que “isso vem com aquilo que a personagem está a sentir, é genuíno, não é racional, não é pensado”: “É importante vir alguma verdade cá de dentro e o resto exterioriza-se por si naturalmente. Essa é que é a parte gira deste trabalho: encontrarmos ali coisas verdadeiras mesmo não sendo”.
Atualmente, Mariana reconhece alguma rebeldia no passado. “Agora, sinto que estou muito mais responsável, sinto-me mais adulta, mais consciente daquilo que estou a fazer, sinto-me a valorizar muito aquilo que faço. Isso é muito bom, ter essa consciência, sinto-me muito sortuda por estar a fazer aquilo de que gosto, acho que é isso que me move acima de tudo e que me faz sentir mesmo feliz, portanto sinto-me mais adulta, mais mulher”, confessa com um sorriso que a distingue de Catarina.
A responsabilidade não a desvia da juventude, embora tenha notado diferenças desde que começou a gravar: “Já não me apetece sair à noite, não me apetece vadiar, apetece-me uma coisa mais caseira, receber os amigos em casa. Sou apaixonada por bricolage portanto, por vezes, passo o fim de semana a pintar móveis… Essas são as minhas terapias, mas não sinto que esteja a limitar-me de alguma forma ou a deixar de viver alguma coisa, sinto-me muito bem assim”.
Do signo peixes, Mariana Pacheco tem aptidões artísticas intrínsecas, sendo sabido que tem na música outra vocação. Nesse campo dá pelo nome de Mar e continua a quer “muito gravar um disco”. No entanto, “tenho estado paradinha e focada na novela, pois estamos quase na reta final, naqueles momentos em que nos agarramos de alma e coração porque está quase no fim. Depois, logo penso nisso”, promete, assumindo que “encarnar outras personagens” lhe permite “explorar outras situações, outras vidas e isso é muito inspirador para escrever”.
Depois de se ter estreado na representação, em 2003, na novela “O Jogo”, com apenas 11 anos, de ter integrado o elenco fixo de “Morangos com açúcar”, participado em “O Bando dos Quatro”, “Floribella” e “Dancin’Days”, fez parte de “Bem-Vindos a Beirais” e, agora, confirma, a vocação em “Coração d’ouro”. Com uma experiência curta no filme de Joaquim Sapinho “Deste Lado da Ressurreição”, Mariana quer “muito fazer mais cinema”. “É uma área que me interessa bastante, é outro registo e outra maneira de trabalhar. Gosto de cinema português e acho que temos muito potencial para fazermos coisas muito giras. Penso que é uma coisa que vai acontecer e quero muito fazer parte disso”, deseja, pronta para quaisquer outros desafios.
Fotos: José Gageiro