Foi com casa cheia que arrancou, ontem, a peça de homenagem ao eterno Pantera Negra, no Coliseu dos Recreios.
Com produção de Ana Rangel, ao longo de 90 minutos, o tempo de um jogo, são retratados momentos da vida de Eusébio da Silva Ferreira.
Composto por 16 atores (entre eles Cláudia Semedo, Sofia Escobar, Diogo Amaral, Inês Pereira e Irma Ribeiro), e com uma história contada a partir de uma ‘bancada’ improvisada, o espetáculo nunca teve a pretensão de levar a cena o próprio Eusébio, mas “dar a conhecer o que fez de bom” não só para o Futebol mas para Portugal no geral. Por isso, ao longo da peça o “Rei” é representado, de forma simbólica e esporádica, por um menino a jogar à bola, visto que um dos objetivos “é que a peça seja narrada pelos adeptos”.
Numa noite marcada pela emoção, foram várias as figuras públicas que chegaram ao Coliseu de Lisboa para conhecer mais um pouco da história do ex-jogador. Flora, a mulher do malogrado jogador, Luís Filipe Vieira, Rui Costa, Tóni, Kennedy e muitos outros, chegaram ao local curiosos pelo que iriam ver.
Entre amigos, colegas de profissão, família e muitos admiradores, sentia-se “Eusébio”, como fez questão de salientar a atriz Cláudia Semedo que dá vida, entre outras personagens, à mãe do homenageado: “Desde o início que o sinto. É engraçado que a sua presença vai muito além do físico, há uma mística muito grande que nos une, não só enquanto apreciadores de futebol mas como portugueses que somos”.
Já Sandra Ferreira, filha de Eusébio, salienta que esta é uma homenagem “diferente” e “acertadíssima”. “Não quis assistir aos ensaios, porque queria ver esta justa homenagem, até porque o meu pai era uma pessoa da música, da ‘blues’ e da dança, estava sempre a dançar, é uma homenagem certa”, sublinhou.
É ao som de uma canção com o refrão “grande como África, simples como África” que se retratam os primeiros momentos de vida de Eusébio, com destaque para a saída do “pantera negra” de Moçambique para o Benfica, onde são sublinhados os difíceis momentos vividos por o então menino e pela sua mãe.
Desde as conquistas europeias conseguidas pelo Benfica, passando pelo Mundial de 1966, a bola e bota de ouro conquistadas pelo “melhor do mundo”, tudo é recordado, até aos quartos de final do Euro2004, quando a grande penalidade foi defendida por Ricardo e Eusébio se ajoelhou para pisar o relvado.
No fim da peça, há uma frase que fica na memória: “Por todo o lado se grita Eusébio”, um homem “simples como África” e com “brilho no olhar”.
O musical ficará em cena no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, até 17 de abril, seguindo depois para o Coliseu do Porto onde estará em cena entre 13 e 15 de maio.
Fotografias: Sílvia Santos e Plano 6