Alexandra Klobouk, que lança hoje (21 de abril) – às 18 horas, no Museu Bordalo Pinheiro – um roteiro de Lisboa, procura, com a sua obra, alertar para as mudanças que a capital tem sofrido ao longo dos anos confessando o seu receio que os moradores abandonem bairros históricos como Alfama, transformando-os em locais de atração como “jardins zoológicos”.
A propósito do lançamento do livro ilustrado bilingue (português e alemão) “Lissabon im Land am Rand/Lisboa num país sempre à beira”, a autora diz ainda temer que a capital portuguesa se transforme numa “cidade limpa e perfeita”, sem traços históricos e sem moradores.
“Quando há crises [financeiras], as pessoas com dinheiro são os turistas, pelo que é totalmente compreensível” que haja casas e lojas dedicadas ao setor, mas “tenho a sensação de que a renovação de Alfama a torna num jardim zoológico”, só com atrações, defende Alexandra Klobouk.
“Eu quero vir cá para ver as barbearias e as livrarias antigas, quero ir a Alfama e poder encontrar o Zé e a Maria”, insiste, pedindo equilíbrio.
Apontando o caso da barbearia Campos, que fechou temporariamente no Chiado para o edifício onde se encontra ser reabilitado e acolher um restaurante de ‘fast food’, a artista vinca que os turistas procuram a cidade “porque Lisboa é especial e não para frequentar cadeias de hotéis e de restaurantes”.
No livro, Alexandra Klobouk escreve que a a capital “está a transformar-se” devido ao turismo.
A exemplificá-lo, estão ilustrações satíricas sobre o que era Alfama em 2011 e em 2014. Se no primeiro ano havia casas degradadas e mercearias de bairro, recentemente estes espaços deram origem a edifícios reabilitados para alugar a turistas e a lojas de ‘souvenirs’, junto às quais passam os minicarros turísticos tuk tuk.
Outro dos desenhos evidencia a passagem de elétricos – cheios de turistas – por locais como Campo de Ourique, Basílica da Estrela, Praça Luís de Camões, Portas do Sol, Sé e Graça.
Alexandra Klobouk visitou pela primeira vez Lisboa em 2010, juntamente com o namorado, quando ambos terminaram a universidade.
Um ano depois, optaram por viver na capital portuguesa, que ouviram ser descrita como a “cidade mais bonita do mundo”.
Apesar de ter voltado à Alemanha em 2012, a ilustradora decidiu retratar a sua experiência em Lisboa neste livro, que possibilita uma “caminhada pela cidade” guiada pelas suas vivências.