Surgiu sem se fazer anunciar, rebentou como uma bomba e os estilhaços atingiram vários quadrantes da sociedade norte-americana.
Beyoncé não fez por menos no lançamento do seu mais recente disco, o sexto da sua bem-sucedida carreira, e mostrou ao Mundo que conhece muito bem o mercado da música pop.
Com 12 faixas alinhavadas por um filme, o álbum-visual “Lemonade” traz muita polémica a reboque, mas nem por isso perde o encanto, nem tão-pouco o reconhecimento alheio. Tanto é assim que a publicação especializada em música, Rolling Stone, atribui-lhe nota máxima.
Desde os anos 90, apenas 21 álbuns receberam as cobiçadas cinco estrelas por parte dessa revista norte-americana, sendo que o último a lograr tal avaliação foi “25”, de Adele, em novembro do ano passado.
Lançado na noite do passado sábado, dia 23 de abril, numa altura em que o planeta ainda lambia as feridas provocadas pela partida de Prince, “Lemonade” não tardou a ser escalpelizado ao pormenor e a prova disso é que, assim que foi apresentado ao Mundo, na “HBO” americana, e logo se tornou topic trend no Twitter, mantendo-se por lá nos dias seguintes, apesar de a sua venda só estar disponível no serviço de streaming Tidal, uma plataforma musical que é propriedade de Jay Z em sociedade com a própria Beyoncé.
Desde as traições que sofreu por parte de Jay Z, passando quase como consequência pelo discurso feminista, batendo, depois, de frente com as posições políticas que marcam a atualidade norte-americana, para parar, por fim, na reivindicação da igualdade civil para todas as raças, a mais recente obra de Beyoncé vai muito além da sua sonoridade e torna-se, assim, na tal mistura explosiva que tanto tem dado que falar e que continuará a fazer correr rios de tinta. Porque em cada traço da voz de Beyoncé há uma mensagem sublimar pronta a ser descoberta e debatida. A acidez retirada desta limonada, parece estar destinada em grande parte a Jay Z e às histórias de infidelidade do rapper, que se percebem ao longo de “Sorry”. Mas “Lemonade” também tem gelo e está pronto a entrar nas discotecas através de “6 Inch”. E sem qualquer pudor, “Forward” torna-se o álbum intervencionista e anti-Trump.
Em suma, “Lemonade” é uma parafernália de sons, palavras e imagens tão abrangentes, que não há quem lhe fique indiferente. Vídeo de “Formation”: