A biografia da jornalista Margarida Marante, falecida em 2012, da autoria de Maria João Martins, foi apresentada na segunda-feira, dia dois de abril, pelo advogado Daniel Proença de Carvalho, no El Corte Inglés, em Lisboa, e, desde então, tem sido alvo de muita polémica e especulação graças ao seu conteúdo.
A autora, também jornalista, define a biografada como “uma personalidade apaixonada e controversa”, que “cresceu num mundo em mudança”.
Margarida Marante foi jornalista na RTP e na SIC, dirigiu a revista Elle, trabalhou na rádio TSF e colaborou com o semanário Expresso.
“Aos 20 anos Margarida Marante olhava a câmara olhos nos olhos com uma naturalidade arrepiante. Sabe quem já andou por estes meios que essa é uma aprendizagem difícil e demorada, mas nela parecia coisa inata. Estudava aplicadamente todos os dossiês e não se deixava fascinar pelo improviso”, escreve a autora que afirma que a jornalista revolucionou a entrevista política em televisão.
Mas Maria João Martins, que falou com amigos e familiares da jornalista para criar a obra onde aborda temas como as relações de Marante, a forma como era vista pelos seu pares e, a dada altura, descreve de forma nua e crua o passado de Margarida ligado às drogas, sublinhando a forma como teve contato com as mesmas.
“Daniel Proença de Carvalho, que manteve sempre a amizade nesses tempos duros, pensa que ‘esse vício fora adquirido com Emídio Rangel, mas enquanto ele tinha estrutura física e emocional para recuperar, a Margarida não tanto’”, escreve Maria João Martins, citando o conhecido advogado.
Já o “o todo-poderoso diretor de programas da SIC” é descrito como “uma pessoa excessiva que não controlava um lado negro muito acentuado”, na opinião de Marina Cruz, amiga de Margarida Marante, um homem capaz “do melhor e do pior”.
Esta passagem do livro está a dar que falar ainda que a família mais próxima, nomeadamente os filhos da jornalista, se alheiem às polémicas.
Henrique, de 29 anos, Catarina, de 26, e Joana, de 22, (apenas as raparigas prestaram depoimentos para o livro mas o jovem não deixou de estar presente na apresentação da obra), deixaram claro que os momentos menos bons fazem parte da vida, desvalorizando a revelação feita por Proença de Carvalho. “O livro, sendo pequeno, tem passagens tão bonitas que focarmo-nos na parte menos boa era tirar todo o mérito. Era desnecessário, embora conste do livro. Nós não objetámos. Tenho muito orgulho no que a minha mãe foi, com o bom e com o mau”, afirmou o filho, Henrique Granadeiro, realçando: “O legado da minha mãe é como um todo, com o bom e o mau, e nós preferimos focar-nos no bom. Acho que é o mais bonito”.
Já a autora, Maria João Martins, frisou que “nao lhe pareceu justo ignorar os momentos menos bons” da vida de Margarida Marante. “Mantive isso no livro e perante as ultimas entrevistas da Margarida percebi que ela que queria contar a história. Se ela o assumiu… estou em paz com a minha consciência”, disse.
A jornalista morreu aos 53 anos vítima de um ataque cardíaco enquanto estava em casa a ver televisão. Foi casada duas vezes (com Henrique Granadeiro e Emídio Rangel) e teve três filhos.
Após o último enlace, assumiu o namoro com o motorista Farinha Simões, às mãos do qual foi vítima de maus tratos. Fato revelado mais tarde pela própria, lembrando o dia em que o namorado lhe introduziu uma arma no sexo como forma de coação.
Antes da morte, separada e sem trabalho – após a saida da sic – Margarida Marante terá entrado em depressão.
A jornalista morreu, no dia 5 de outubro de 2012, aos 53 anos, vítima de um ataque cardíaco enquanto estava em casa a ver televisão.