No Dia Mundial Sem Tabaco, que é assinalado hoje, 31 de maio, a Ordem dos Médicos Dentistas alerta para os efeitos nocivos da prática de fumar.
A nicotina e outros químicos consumidos pelos fumadores são das maiores ameaças à saúde oral, agravando patologias, como as doenças das gengivas, e podendo desencadear outras como o cancro oral.
O consumo regular de tabaco deixa marcas que facilmente são identificadas pelos médicos dentistas numa consulta de rotina.
Os fumadores têm entre 5 a 20 vezes mais probabilidade de vir a desenvolver cancros orais e da faringe do que um não-fumador, e deixar de fumar reduz, ao fim de cinco anos, em 50% as hipóteses de contrair cancro oral.
O médico dentista pode ter um papel fundamental aos doentes que querem deixar de fumar. Estudos realizados nos EUA mostram que quando os médicos dentistas intervêm as taxas de sucesso na cessação tabágica aumentam.
Em Portugal, onde segundo dados do Eurobarómetro, 25% da população é fumadora, pelo que o papel dos profissionais de saúde no combate a este vicio é muito importante, nomeadamente, o papel dos médicos dentistas no combate ao tabagismo pode ser essencial para diminuir o número de fumadores.
A realização de check-ups aos doentes fumadores permite traçar um histórico da evolução da saúde oral e os dados de vários estudos reunidos no abstract “Effectiveness of dentist’s intervention in smoking cessation: A review” dos investigadores Carlos Omaña-Cepeda, Enric Jané-Salas, Alberto Estrugo-Devesa, Eduardo Chimenos-Küstner e José López-López mostra a importância da participação dos médicos dentistas em técnicas de cessação tabágica.
A par dos substitutos de nicotina e de tratamento com antidepressivos ou hipnose, a intervenção dos profissionais de saúde oral junto dos doentes mostra ser uma das formas de maior sucesso para ajudar quem quer deixar de fumar.
Os autores sublinham que quanto maior é o conhecimento do doente sobre a evolução da sua saúde oral, vendo por exemplo o crescimento de manchas amarelas devido ao consumo de tabaco, maior é a consciência das consequências deste hábito na cavidade oral.
Existem várias técnicas de intervenção que devem ser utilizadas em função do grau de dependência do fumador e vários países já incorporam estas técnicas nas consultas de medicina dentária.
Para Marta Resende, docente da Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto e representante da OMD no Grupo Técnico Consultivo do Tabaco da DGS “o primeiro passo é a criação de check-ups regulares com despiste do tabagismo de forma a permitir desenvolver um histórico do doente. Este questionário será depois utilizado para definir os próximos passos, que vão sempre depender quer da vontade do doente quer do seu grau de adição. É um processo que requer tempo e disponibilidade tanto do médico dentista como do fumador. Mas se tivermos em conta que o tabaco é o principal fator de risco do cancro oral e que reduzir os riscos de cancro oral é a forma mais eficaz de diminuir a morbilidade e a mortalidade desta doença, percebemos que é um investimento que todos devemos fazer”.