Tive o privilégio de chefiar a Delegação da AGAVI que, como parceira da Organização, participou na famosa Mesa Salvador – um dos mais importantes eventos de enogastronomia realizados no Brasil.
Conhecer a Bahia e os encantos de Salvador teria já valido a viajem que, infelizmente, não se faz como noutros saudosos tempos, com partida do Porto.
Falamos provavelmente do Estado e da cidade mais portugueses do Brasil. Não só, pelo facto natural de ter ser no Estado de Bahia, entre Santa Cruz e Porto Seguro, que os Portugueses aportaram em 1500, como pela razão também histórica da Bahia ter sido a primeira capital do Império.
O património privado e religioso mais importante da Bahia não tem apenas reminiscências, tem tudo o que possamos imaginar da velha arquitectura portuguesa e, até, do seu habitual planeamento urbanístico. Não surpreende também que na cultura pagã e religiosa sejam profusos os exemplos de festividades ou conteúdos, semelhantes àqueles que vemos em qualquer vila ou aldeia portuguesas.
Um dos mais eloquentes exemplos desta raiz comum é, sem qualquer dúvida, a gastronomia.
Riquíssima na sua diversidade e nos muitos e antigos processos associados a uma culinária que podíamos apelidar de familiar.
Não fomos para Salvador de mãos a abanar. Pelo contrário, levamos “artilharia pesada” no que à boa gastronomia diz respeito. De facto, Lígia Santos a famosa Chef vencedora do 1º MasterChef português e Ivo Loureiro, o consagrado Chef do mítico Azeite e Alho, foram argumentos de peso que levamos, para equilibrarem o elenco de luxo de Chefs Brasileiros, comandado pela estrela mundial que é Alex Atala e por uma selecção da casa, comandada pelos inesquecíveis Chefs Teresa Paim e Beto Pimentel.
Assistimos orgulhosos aos showcookings dos nossos Chefs, com Ivo loureiro a fazer literalmente “omeletas sem ovos”, com um robalo em cama de arroz de legumes admirável e Lígia Santos a levar a patanisca portuguesa com cebola caramelizada ao seu mais alto nível.
Também nos jantares magnos Lígia, presenteou-nos com uma bochecha macia de porco em cama de esmagada de batata com cogumelos e Ivo brilhou com o seu brás de polvo e camarão em cama de legumes. Memoráveis refeições: a primeira, no lindíssimo Convento do Carmo que continua a fazer do Pelourinho um lugar de peregrinação obrigatória e o segundo no bonito restaurante do Hotel Sheraton.
Levamos connosco as conservas portuguesas chanceladas pela marca IMPERIVM e, como não podia deixar de ser, os famosos pastéis de nata que voavam do nosso stand à velocidade da luz.
A AGAVI organizou um Convenção muito concorrida, onde se voltou a falar do “ valor económico do mundo português” e do papel insubstituível que Portugal e o Brasil podem ter numa globalização de matriz diferenciada.
Assinamos valiosos protocolos com Associações congéneres, com a Secretaria de Turismo da Bahia, com o Senac e algumas outras instituições. Tudo no sentido de promovermos o intercâmbio e de facilitarmos as exportações portuguesas para o mundo português.
Depois foi uma barrigada de Acaraxés, de Vatapás, de Moquecas, de Pirões, do bom Cozido bahiano e de tantas delícias que se prolongam por uma doçaria irmã da que é feita em Portugal.
Viemos consolados, com uns Kilos a mais e, estranhamente, sem o sentimento saudoso de regresso que invariavelmente sentimos quando voltamos a Portugal. Talvez porque na belíssima Bahia nos fica a sensação de que nunca de cá saímos!