Com a alvorada do sol ficam a descoberto não só os corpos mas sobretudo as mentes ocas ainda mais desnudadas que os próprios corpos.
Passam um longo inverno a vender que estão tão ocupados, tão cheios de trabalho e sobretudo de projectos. Seguramente por serem tantos os projectos é que não se concretizam, é o que faz a fartura…
Mas percebe-se a necessidade de auto motivação pessoal, de acordar todos os dias a meio da tarde a acreditar que se é feliz depois da ressaca, e que se vai encontrar a boa vida que se deseja enquanto se bebe uma bebida da moda patrocinada por um decote qualquer.
É com a chegada do sol que se percebe que os projectos são à escala da capacidade de cada um, como substituir o moreno do solário pelo bronze natural, nunca prescindindo de se continuar a ser Sheila ou suster o ar para desabrochar o peito e não conseguir fechar pernas e braços como um boneco Michelin.
Tudo, lógica e imprescindivelmente aliado, a tirar fotos de pose de playboy, nova vaga, antes em casa agora na praia.
E assim levam a vida e, sejamos justos, até concretizam os sonhos de serem barmans e/ou promotores de um qualquer espaço, sempre com a indiferença de quem o faz, não por necessidade, mas porque se gosta, um entretenimento de entre as tais mil coisas que têm para fazer.
Desfilam na montra das redes sociais, a única que podem, porque ainda é de borla. Nada como exibir ao fim de semana para colher os frutos durante a semana. Nada como gozar com quem dá duro nas 40h, ou 35h semanais, com a lata de quem é descarado e pensa que o futuro continuará a ser injusto para sempre.
Almejam deixar-se apanhar na rede de pesca de um qualquer tubarão, que no próximo inverno pague umas saídas por esse mundo com paisagens mais quentes, e que dê para tirar fotos para postar em tempos em que as vacas estejam mais magras.
De facto, entre angariar um rico ou um famoso, gente bem carregada que possibilite a concretização dos projectos de vida e o lustro, é tarefa árdua para estes seres escorregadios de azeite peneirento.
Num mundo em que o rico ou famoso é o porreiro, o giro e o sem defeitos, o pobre ou remediado sofre, pois dar por dar que seja com retorno, mas livra-se da beleza medida em euros que a bolsa proporciona, porque a vida é mais que lucro racional e segurança.
Vou ali, tratar dos projectos e tirar um apontamento… Até terça!