Cultura

Raquel Tavares estreia novo álbum hoje nos Armazéns do Chiado

A fadista apresenta o novo álbum, homónimo, hoje, dia 6, pelas 18h00, nos Armazéns do Chiado, em Lisboa, num concerto aberto a toda a população e que marca a chegada do disco às lojas.

“Raquel” chega oito anos depois do sucesso “Rosa da Madragoa” (2008).

“É um disco com mais mundo, é um disco com mais idade, mais maduro, não só do ponto de vista artístico, mas, acima de tudo, pessoal, e por isso é que se intitula ‘Raquel'”, esclarece a fadista a confessando ainda que neste trabalho existe “uma consciência tranquila das suas origens”.

“Escolhi este título porque é como me chamam os meus amigos, as pessoas que me conhecem, que são próximas de mim, quem me é pessoal, e eu queria que este fosse um disco pessoal, e que me retratasse francamente: hoje a Raquel com 31 anos, que não é a menina que gravou o primeiro disco, aos 21”, acrescentou.

O álbum abre com “Deste-me um beijo e vivi”, do poeta João Dias, uma criação de Beatriz da Conceição, falecida em novembro do ano passado, fadista que é uma “absoluta referência” para Raquel Tavares, que afirmou: “Nunca a sua memória será esquecida, como uma grande criativa, uma fadista extraordinária, enquanto eu cantar e viver, com enorme orgulho”.

“Já tinha intenção de dedicar este disco à Dona Beatriz [da Conceição], tanto mais que lhe pedi autorização para gravar este Fado Cravo [com melodia de Alfredo Marceneiro]”, contou a fadista, que acrescentou “ter influência de muitos outros”, mas que a sua “identidade fadista” deve-a a Beatriz da Conceição.

Do alinhamento fazem parte outras recriações, designadamente “Rapaz da camisola verde”, de Pedro Homem de Mello e Hermano da Câmara, “Limão”, de Arlindo de Carvalho, “Eu já não sei”, de Domingos Gonçalves Costa e Carlos Rocha, e “Coração vagabundo”, um tema de Caetano Veloso, que conta com a participação ao piano de Rui Massena e de Carlão (voz).

Estas não são as únicas participações especiais no CD. Rui Veloso, em guitarra acústica, participa no tema “Regras de sensatez”, de sua autoria (música e letra), e António Serrano (harmónica), em “Não me esperes de volta”, de Paulo Abreu Lima e António Zambujo, que é um dos temas favoritos da fadista, pois “é uma ternura”.

Para Raquel Tavares, a participação de Rui Veloso, músico que admira desde a adolescência, “parece um sonho”, e reconheceu “nem acreditar ainda, pois ele é um ídolo”.

Outro dos temas do álbum que Raquel destaca é “Meu amor de longe”, de Jorge Cruz, que “tem muita portugalidade e apresenta uma Lisboa de hoje, uma Lisboa ‘world music'”.

“Esta Raquel viajou, partilhou palcos, teve imensas experiências positivas do ponto de vista musical e que trouxe essas influências e as reflete neste disco”, disse acrescentando que “com este amadurecimento musical, perdi o preconceito comigo mesma. Percebi que ser fadista não implica anular-me enquanto intérprete”.

“Não deixo de ser fadista por cantar outro tipo de música portuguesa, e nunca deixarei de cantar fado tradicional, que será sempre a minha primeira identidade, mas aceitei influências”, concluiu a fadista.

Do alinhamento (que conta com um total de 11 temas) faz em ainda parte “Tradição”, de Miguel Araújo, que qualifica como “um tema denso”, “Para o destino”, de Mallu Magalhães, e “Gostar de quem gosta de nós”, de Tiago Bettencourt.

“Nem mais nem menos, são estes onze temas que caracterizam, exatamente, o que eu queria, que era um disco com portugalidade, mas, acima de tudo, com um ‘despreconceito’ da minha parte comigo mesma. Estou agora muito mais consciente daquilo que sou como intérprete”, finaliza.

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