Off the record

Rui Vitória: o homem que dominou o Ferrari chamado Benfica

Aos 46 anos, o treinador atinge o clímax do futebol com a conquista do tricampeonato para o Benfica. Esta época, Rui Vitória confirmou o provérbio de que “quem ri por último ri melhor”, batendo recordes e provando que tem nível para muito mais.

Raça, querer e sobretudo espírito de equipa. Estas foram as características explícitas que o “mister” ribatejano de Alverca incutiu no plantel, lançando talentos como Renato Sanches que retribuiu com golos que valeram pontos.

Pragmático, Vitória respondeu em campo às provocações do “vizinho” Jorge Jesus. O treinador do Sporting subestimou-o não o considerando treinador, duvidando mesmo que tivesse “mãos” para o Ferrari (a quem comparou o Benfica).

Com um plantel mais fraco do que os anteriores, o ribatejano encontrou soluções, recuperou a liderança quando muitos achavam impossível e nunca mais a perdeu até a consagração. “No final ganhou a melhor equipa. Nós percebemos o que tínhamos a fazer em cada jogo. Soubemos em todos os contextos perceber o que tínhamos a fazer. No final, ganhou uma equipa que teve uma série de vitórias e muitos golos marcados. A equipa que soma mais pontos é a melhor”, lembrou no último domingo, antes de seguir para o Marquês de Pombal.

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Dono de uma postura reta, Rui Vitória tornou-se num dos treinadores mais consensuais, com adeptos de clubes adversários a tecerem elogios “a um homem sério”.

A nível pessoal, a hora também é de alegria, pois prepara-se para ser pai pela quarta vez e de um rapaz, que se juntará às filhas que já tem: Mariana, de 17 anos – fruto do primeiro casamento com Carla Lázaro – Joana, de nove anos, e Matilde, de oito, do atual casamento com Susana Barata.

Juntos há cerca de uma década, o técnico e a professora de educação física vivem uma relação estável a que os mais próximos atribuem como “pilar do sucesso do Rui”. Ele próprio também atribui à mulher “a estabilidade” necessária para o lugar que ocupa.

Por causa da profissão, o casal viveu alguns anos uma relação à distância, mas com a ida dele para o Benfica tudo se somou para uma época positiva em todos os aspetos. E, no domingo, foi rodeado das mulheres da sua vida (e com o menino na barriga de Susana) que Vitória celebrou o 35.° título encarnado, o primeiro para o seu currículo.

39 anos depois, assinou mais um tricampeonato para o clube da Luz, seis anos depois de ter entrado para a elite de treinadores de primeira, quando foi para o Paços de Ferreira. Nessa altura, vinha de uma passagem pela formação do Benfica, além de ter estado no Vilafranquense e Fátima.

Depois da Capital do Móvel, onde deu nas vistas, saltou para o Vitória de Guimarães onde provou fibra e esteve quatro épocas. Nessa altura, já levou a melhor sobre Jorge Jesus ao conquistar a Taça de Portugal ante o Benfica, em 2013.

Estavam lançados os dados para um futuro que não demorou a bater-lhe à porta. Sem peões ou travagens bruscas, Rui foi metendo as mudanças com cautela até acelerar para um título que traduz “a vitória de quem trabalhou”.

Rui Vitória