Um teste de saúde desenvolvido por uma empresa do distrito de Coimbra pode avaliar o risco genético cardiovascular de uma pessoa, sobretudo ao nível da hipertensão arterial, e contribuir para a atuação antecipada dos profissionais de saúde.
O dispositivo médico já está certificado e vai ser aplicado num estudo, que envolve 500 pessoas, em parceria com os serviços de cardiologia A e B do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC).
“O teste genético é um apoio muito grande ao diagnóstico, nomeadamente nos casos de doentes de risco intermédio, já com história familiar de hipertensão e que estão próximo dos valores limites, mas que ainda não podem ser considerados hipertensos”, explicou a investigadora Ana Teresa Freitas.
A diretora executiva da empresa portuguesa HeartGenetics, sediada no parque de biotecnologia Biocant, em Cantanhede, considera que o teste pode ser muito vantajoso para o doente, por permitir o correto acompanhamento médico antes de se entrar “num estado de não retorno”.
“A hipertensão resulta da degradação dos vasos sanguíneos e se já estiver instalada não há forma de voltar atrás, a não ser controlar com medicação. Mas se for diagnosticada antecipadamente, os profissionais de saúde podem atuar antes dos vasos sanguíneos estarem degradados”, salientou Ana Teresa Freitas.
A investigadora acrescenta ainda que o teste genético pode contribuir para o controle do doente antes de se tornar hipertenso “e para que nunca desenvolva a doença, proporcionando uma redução de custos brutal para o Serviço Nacional de Saúde”.
Salientando que a hipertensão arterial é um problema de saúde pública a nível mundial, Ana Teresa Freitas frisa também que o conhecimento do perfil de risco genético poderá “levar à adoção de estilos de vida mais saudáveis”.
Segundo a diretora executiva da HeartGenetics, o teste foi desenvolvido entre 2013 e 2014 e obteve o certificado de dispositivo médico em 2015, podendo vir a ser comercializado em Itália, Alemanha e Brasil, após os testes que se vão realizar nos próximos meses.
Em Portugal, o dispositivo vai ser testado nos próximos 18 meses em 500 pessoas indicadas pelos serviços de cardiologia A e B dos CHUC.