Aos 87 anos, depois da luta contra um tumor na tiróide que quase lhe roubou o seu bem mais precioso – a voz -, a conceituada atriz é imagem de força e boa disposição. Nome incontornável na representação nacional, Eunice Muñoz é um grande exemplo de determinação.
Oriunda de uma família de atores, filha de Hernâni Muñoz e de Júlia do Carmo, estreou-se em 1941, com apenas 13 anos, na peça “Vendaval”, no palco do Teatro Municipal Dona Maria II, e nunca mais parou.
O talento de Eunice depressa foi reconhecido, somando inúmeros projetos de destaque não só no teatro, como na televisão e também cinema. Na memória de todos, permanece a carismática D. Branca, em “A Banqueira do Povo”, que marcou a sua estreia no mundo das telenovelas.
Com mais de 70 anos de carreira, Eunice Munõz é uma referência para a nova geração de atores, sendo que tem numa das netas, Lídia, de 26 anos, a maior fã e herdeira no talento.
A jovem é a única da família a seguir o caminho da avó de “oito netos e quatro bisnetos”. Orgulhosa da escolha de Lídia, Eunice não duvida que ela “vai fazer uma grande carreira”: “É muito estudiosa e leva a profissão muito a sério”.
A viverem juntas “há alguns anos”, a duas revelam uma cumplicidade inabalável e é costume vê-las em eventos. Afinal, “é muito bom tê-la por perto”, reconhece a matriarca Muñoz, confessando que a neta a faz recuar à mocidade. “Revejo-me muito na Lídia, a diferença é que eu andei muito depressa. Com a idade dela já tinha uma filha com sete anos”, recorda a veterana atriz.
Dona de uma vivacidade e alegria contagiantes, a diva admite que as privações pelas quais passou a ensinaram a “ver a vida de outra forma”: “Hoje sou mais calma, mais serena. Aprendi muito”. Inebriada pela vontade de continuar o seu legado, lembra que “a vida é uma coisa maravilhosa”.
Regresso ao teatro pela mão de La Féria
Depois de uma operação às cordas vocais em julho do ano passado, Eunice Muñoz integra agora o elenco de “A Impostora”, a trama de António Barreira que sucederá a “A Única Mulher” na TVI, na pele de Pureza, a matriarca da família Lencastre.
De regresso à ficção nacional, mas sem data de estreia para a novela, a atriz apenas adianta que “será uma mulher bem sucedida e muito divertida”. O registo agrada-lhe particularmente, sendo que este é “um regresso muito desejado”: “É ótimo voltar. Foi a possibilidade de trabalhar novamente que me ajudou na cura. Penso muitas vezes que regressar me tem ajudado muito a recuperar”.
Revigorada, Eunice também subirá aos palcos já no próximo mês de julho, ao lado do amigo Ruy de Carvalho, com a peça “As árvores morrem de pé”, pela mão de Filipe La Féria.
“É muito emocionante regressar ao teatro”, sublinha, mostrando-se “esperançada” com o que está para vir. “Estar com o La Féria dá-me muita satisfação. ‘A Casa do Lago’ foi o último trabalho que fizemos juntos, no início dos anos 2000, e correu muito bem”, nota, satisfeita com o reencontro.
Feliz por a vida estar, novamente, a voltar à normalidade, não esconde a vontade de continuar a fazer o que tanto ama: representar. “A força e a esperança são fundamentais”, sublinha, manifestando a sua fé: “É Deus que me ajuda”.