Jo Cox nasceu em 22 de junho de 1974 em Dewsbury, no norte da Inglaterra.
Depois do ensino secundário, ingressou na Universidade de Cambridge, tornando-se a primeira pessoa da sua família a conquistar um diploma universitário.
Findo o seu percurso académico, começou a trabalhar no Parlamento, para a deputada trabalhista Joan Walley, e ajudou a criar a organização pró-europeia “Britain in Europe” e, nas últimas semanas, havia-se dedicado à luta contra o “Brexit”, ou seja, a eventual saída da Inglaterra da União Europeia.
Jo Cox morreu ontem, 16 de junho, aos 41 anos, alvejada por um homem que, segundo testemunhas no local, gritou “Inglaterra primeiro” antes de disparar contra a deputada, fazendo crer que o ato foi consequência do sentimento anti-imigração que se vive no Reino-Unido, contra o qual Cox lutava há vários anos.
Recordada pelos seus pares como “uma incansável e corajosa militante pelos marginalizados e sem voz”
Casada com Brendan Cox, conselheiro do partido, e mãe de duas crianças – de três e cinco anos – a deputada não se escusava a envolver a família nas suas “lutas diárias”.
De tal forma que, após a morte, o seu marido fez saber que, juntamente com amigos e família irá “lutar contra o ódio que matou” a sua esposa. Um ódio que diz não ter “credo, raça ou religião”.
Em declaração divulgadas pelo “The Guardian”, Brendan recordou os valores que orientavam a mulher. “Jo acreditava num mundo melhor e lutava todos os dias com uma energia e entusiasmo pela vida que esgotariam a maior parte das pessoas”, afirmou, reconhecendo que “este é o início de um novo capítulo nas suas vidas. Mais difícil, mais doloroso, com menos alegria e menos amor”.
Mas as recordações do carácter e dos feitos de Jo Cox não chegam só através da família.
Gordon Brown, ex primeiro-ministro inglês e líder do Partido Trabalhista entre 2007 e 2010 e amigo próximo do casal, considerou esta morte uma “perda nacional.”
“Jo Cox foi a amiga mais vivaz, agradável, dinâmica e dedicada que poderíamos ter tido”, sublinhou o ex-líder do partido. Brown diz sentir-se privilegiado pela oportunidade de ter trabalhado com Jo e elogia os seus “esforços incansáveis no sentido da proteção das crianças e mães mais pobres e sozinhas.”
Na página Labour Women’s Network (LWN), rede que promove a eleição de mais mulheres no Partido Trabalhista a qual liderou, pode ler-se, na sua homenagem, que Cox “era uma incansável e corajosa militante pelos marginalizados e sem voz”.
Já David Cameron diz que a morte de Joe Cox “é uma tragédia” e demonstra solidariedade para com a família da deputada trabalhista. O primeiro-ministro britânico fala na morte “de uma grande estrela”, que exerceu funções de forma “empenhada e solidária”.
Por cá, também os políticos portugueses se mostraram consternados pelo homicídio de Jo Cox.
“A morte da deputada inglesa na campanha [para o referendo do Brexit] é certamente chocante para o Reino Unido mas também para todos nós. Estamos juntos no pesar”, escreveu a líder do CDS na sua página no Facebook. Assunção Cristas partilhou ainda uma imagem da bandeira britânica.
O ministro das Finanças, Mário Centeno, afirmou – no final de uma reunião do Eurogrupo, no Luxemburgo, no qual foi feito um minuto de silêncio em memória da deputada britânica – que o assassinato da deputada é um “golpe bastante rude” na construção europeia.
Hoje, um pouco por todo o Reino Unido (e pelo mundo) as homenagens e memoriais em honra da deputada sucedem-se.
Recorde-se que o assassinato da representante do partido trabalhista aconteceu exatamente a uma semana do referendo que vai decidir pela permanência, ou não, do Reino Unido na União Europeia (UE).