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Os efeitos do ‘Brexit’

Depois de os eleitores britânicos terem decidido que o Reino Unido vai sair da União Europeia (UE), após o ‘Brexit’ ter conquistado 51,9% dos votos no referendo de quinta-feira, as principais bolsas europeias abriram em forte queda, com a bolsa de Londres a descer perto dos 8%, mantendo-se ao início da tarde com perdas entre os 4% e os 10%.

Uma situação que acontece sem grande surpresa, mas que poderá causar (ainda mais) graves danos nos mercados de todo o mundo.

Na opinião de vários entendidos, esta rutura representa um momento sem precedentes e cujas repercussões poderão afetar negativamente, e durante muito tempo, vários países.

Assim sendo, é grave abrir um precedente ao demonstrar-se que o ‘divórcio’ do Reino Unido com o resto da Europa poderá ser solução.

Uma altura em que a estabilidade é procurada com veemência, esta rutura vem oferecer exatamente o contrário.

E é nos mercados que se começa a sentir primeiro o resultado desta decisão.

A Moddy´s foi a primeira agência financeira a ‘dar nota’ ao Brexit, e indo de encontro com todos os pontos de vista, baixou a perspetiva da dívida soberana do Reino Unido para “negativa”. A agência diz que a escolha pela saída da União Europeia pode afetar as perspetivas económicas do país.

Apesar de tudo a nota não se altera, mas com o Brexit a Moody’s espera “maior incerteza, menor confiança e menos gastos e investimentos, o que pode resultar em um crescimento mais fraco”.

Com as primeiras repercussões desta decisão, que passam essencialmente por um clima de incerteza, não só para os ingleses mas também para o mundo, parece que foram muitos aqueles que se mostraram arrependidos com o desfecho final do referendo. Quase um milhão de britânicos já assinaram uma petição a pedir um novo referendo, e deste modo, a proposta terá que ser tida em conta no Parlamento.

Todas as petições que somem mais de 100 mil assinaturas terão de ser levadas em conta e debatidas. Um número que, em 24 horas, foi amplamente batido.

Entretanto, hoje, os chefes da diplomacia dos seis países fundadores da União Europeia (UE) reúnem-se em Berlim para debater as consequências do referendo britânico.

Na reunião, presidida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Frank-Walter Steinmeier, participam os MNE francês, Jean-Marc Ayrault, holandês, Bert Koenders, italiano, Paolo Gentilon, belga, Didier Reynders, e luxemburguês, Jean Asselborn, em representação dos seis países que a 09 de maio de 1957 assinaram o Tratado de Roma, que deu origem ao que é hoje a União Europeia (UE).

O Reino Unido, cujos eleitores escolheram na quinta-feira sair da UE, a Irlanda e a Dinamarca foram os países do primeiro alargamento da Comunidade Económica Europeia, a 01 de janeiro de 1973.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, anunciou já a sua demissão com efeitos em outubro.

Aguardam-se as cenas dos próximos capítulos de um enredo que ainda promete dar muito que falar no mundo todo.