Por Dantas Rodrigues, socio-partner da Dantas Rodrigues & Associados
Um jornal de referência deu conta de uma notícia impossível de passar despercebida. Um homem de 40 anos de idade, residente em Cabanelas, fora apanhado por familiares seus a praticar o coito com uma porca. A situação não era nova, já que, o mesmo homem, solteiro e desempregado, tentara anteriormente entregar-se a tais práticas com outro tipo de animais, nomeadamente galinhas.
Há perigo de má interpretação que uma leitura apressada poderá eventualmente dar às palavras «solteiro» e «desempregado» em tal contexto, para mais aplicadas a alguém que sofre de alcoolismo crónico, bem como o uso desajustado do termo «coito». No primeiro caso, mesmo que o objetivo da notícia não seja perverso, os tempos que correm induzirão, certamente quem não é lúcido, a pensar que os desempregados são alcoólicos e se entregam a práticas de bestialismo, para mais sendo solteiros!
O termo «coito» conforma um ato sexual praticado entre humanos e não um ato sexual praticado entre pessoas e animais. A este ato dá-se o nome de zooerastia, zoocrastia, bestialismo ou bestialidade, e designa as inúmeras degenerescências que fazem parte de um extensíssimo catálogo de psicopatologias.
Estamos perante um caso isolado de degeneração mental, agravada por problemas sociais e afins, que instâncias da própria Segurança Social terão por incumbência tratar. Ainda bem. E digo ainda bem, porque, pelo perfil do nosso pobre cabanelense, parece-me que ainda não estamos como em certos países da Europa, nomeadamente na Alemanha, a tão virtuosa e economicamente desenvolvida Alemanha, onde tarados como os militantes do ZETA (Zoophiles Engagement für Toleranz und Aufklärung) fizeram com que, em 2013, fosse legalmente autorizada a prática sexual de homens e mulheres com animais.
Para quem não sabe o que, a respeito, se passou no país de Merkel & Schäuble direi apenas que o rosto daquela lei liberticida, aprovada pelo mui circunspecto Reichstag, foi e é o de uma velha aberração antropológica de Maio de 68, verde e de esquerda, que dá pelo nome de Michael Kiok, e que teve o desplante de se autoconsiderar um «cidadão» que se sentia cerceado nos seus direitos por não poder assumir publicamente a sua relação com «Cessy», uma cadela pastora alemã. Que dizer disto? E que dizer do célebre «Casamento para Todos» («Mariage pour Tous») em vigor na França actual? Se o casamento, ali, é para todos, seja-se então verdadeiramente democrático e casem-se ursos com mulheres e homens com javardas…
Embora não havendo motivos para acreditar (pelo menos para já) que a zoocrastia se encontre por aí a cavalo nas nossa ruas, será no entanto prudente não negligenciar o poder daqueles que sabem bem aproveitar-se de casos como o de Cabanelas para reivindicar direitos, que outra coisa não escondem senão mais vício e descrença nas instituições e na vida, tudo, claro, em nome da modernidade e de supostas mudanças de mentalidades. Num mundo globalizado, também as taras viajam à velocidade da luz e, num ápice, apoderam-se das sociedades que o higienismo triunfante só tem debilitado e corroído, irremediavelmente, por dentro.