Um exame de sangue barato poderá dizer aos médicos se uma infecção é causada por um vírus ou por uma bactéria, ajudando a prevenir a prescrição indevida de antibióticos. O teste de diagnóstico, descrito na revista científica americana Science Translational Medicine, está a ser desenvolvido pela Escola de Medicina da Universidade de Stanford, na Califórnia.
“Atualmente, é difícil dizer que tipo de infecção o paciente tem”, disse o autor principal do estudo, Timothy Sweeney, pesquisador no Instituto Stanford para Imunidade, Transplante e Infecção. “Na prática clínica, a infecção bacteriana e a viral parecem exatamente iguais”, completou Sweeney.
O novo teste, que ainda não está no mercado, funciona através da identificação de sete genes humanos cuja atividade muda durante uma infecção, e cujo padrão de atividade pode revelar se uma infecção é bacteriana ou viral.
Até agora, exames desse tipo analisavam alterações em centenas de genes, o que os torna mais custosos, de acordo com os pesquisadores.
Se pesquisas futuras mostrarem que o método funciona e tem um bom custo-benefício, o exame poderá ser uma ferramenta útil para prevenir o aumento de bactérias resistentes a antibióticos.
Bactérias resistentes aos antibióticos são responsáveis por dois milhões de doenças e 23.000 mortes por ano só nos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, uma em cada três prescrições de antibióticos em instalações médicas no país é desnecessária, de acordo com estudos recentes.
O uso excessivo e inadequado de antibióticos aumenta a resistência de bactérias a essas drogas, e especialistas afirmam que o fenómeno indica um cenário catastrófico onde não conseguiremos tratar diversas infecções.
O novo exame deve ser submetido a ensaios clínicos, uma vez que a maioria das pesquisas até agora tem focado em conjuntos de dados digitais pré-existentes sobre a expressão genética de vários pacientes.
O teste de identificação de sete genes mostrou resultados precisos em amostras de sangue de 96 crianças gravemente doentes.