Tozé Santos e Sá

Advogado

Moralistas imorais!

Muitos se incomodam com escribas que dizem o que pensam sobre a realidade que absorvem, sem tentarem agradar, serem politicamente correctos, obterem comentários positivos ou likes. Chama-se a isso coragem e verticalidade.

Há muito mais gente a não querer ser confrontada com a realidade, persistindo em viver um sonho, do que o contrário. Analisar a envolvência é o primeiro passo para a integração real e não aparente.

Não é certamente quem opina que faz manchetes e destaque. Os que exibem o corpo em boa forma (ainda que escondam misérias), as que combinam fotos em topless, os que casam e descasam, esses, ligados ao culto do corpo e do fútil é que têm os ingredientes que ajudem a aumentar o mito e o protagonismo.

Assim como não é quem opina que dorme com as vedetas da bola e outras, fazendo questão de aparecer como marias-chuteiras ou heroínas do leito. Cheias de dogmas e idênticos paradigmas dizem todas as mesmas frases, têm todas o mesmo corte de cabelo, tatuagens, piercings e poses.

Todos querem ser modelos, ainda que de apenas metro e meio, aparecer em novelas, hostess de restaurantes, promotores, tudo que seja não vergar muito a espinha, muito menos puxar pela cabecinha. Sempre à caça de talentos e patrocínios bem recheados financeiramente, matam-se para entrar nas zonas vip onde aproveitam para fazer uma pausa na dieta e matar a fome.

A crítica construtiva nunca foi bem aceite no país dos velhos do Restelo. Denunciar o ridículo incomoda quem gosta de ver o jogo, com esperança de nele poder participar, algo tão facilitado por estes dias quanto um click numa rede social.

Como querem ser levadas a sério se não se dão ao respeito? Onde estão as defensoras das mulheres que lhes permite chegar a este nível? Ou serão estas moralistas imorais que nos inundam de baboseiras e perfilham o ponto de vista do “olha para o que digo não para o que faço” pois preciso orientar a minha vidinha!?

É a oferta e o público que o exige, ainda que depois critique em surdina… São os valores que temos, simplesmente. Sem drama porque cada um faz o que quer, usados, efémeros e monótonos, divertem-nos e desaparecem. A inversão de valores e da moral já há muito que nos habituaram a critica-se quem constrói, por serem poucos e sem militância, e nunca quem destrói. Mas há sempre os lutadores…

Vou ali, tirar um apontamento… Até terça!