“A Mulher do Fim do Mundo” é o mais recente trabalho de Elza Soares, mas, surpreenda-se!, é também o primeiro disco com temas inéditos do seu percurso pelo mundo da música.
Com 60 anos de carreira e 78 de vida, a cantora carioca continua a ser sinónimo de luta e ousadia. Neste álbum com características biográficas, até se mostra um pouco cansada, mas não o suficiente para deixar de constatar a violência policial contra homens e mulheres de raça negra, o machismo e a homofobia sempre presentes na sociedade.
Juntando em seu redor um grupo de músicos igualmente disposto a pensar a realidade brasileira, Elza Soares combina, neste disco, a sua voz áspera com uma sonoridade moderna e, simultaneamente, angustiante, acompanhadas ainda por letras com alguma acidez. No tema que dá nome ao álbum, deixa um pedido revelador da experiência própria de quem foi considerada pela BBC, em 2000, como a melhor cantora do milénio: “Me deixem cantar até ao fim…”
Para ouvir e refletir sobre tudo o que lhe acabamos de dizer, fique com o tema “Dança”.
Sem sair da língua de Camões, mas retirando-lhe o sotaque, chegamos a “Outras Histórias”, aquele que é o quarto álbum de estúdio da carreira de oito anos dos Deolinda.
O sucessor de “Mundo Pequenino”, trabalho que rendeu à banda um novo disco de platina, mais um Globo de Ouro e ainda o prémio José Afonso, saiu no início deste ano e já há quem garanta que é um dos melhores álbuns da música portuguesa da última década.
Este novo álbum certifica a mudança dos Deolinda para o centro de Lisboa por caminhos que ainda não haviam sido explorados no estilo da banda. Em “Outras Histórias”, o grupo abre-se perante um leque de convidados deveras surpreendente e que lhes enriquece o reportório, como são os casos de Manel Cruz ou o DJ Riot.
E como o calor está no ar, ouça “Corzinha de Verão”.
Para fechar a nossa rúbrica de “Álbuns da Semana” viajamos até aos Estados Unidos da América e encontramos o mais recente disco dos Dinossaur Jr..
“Give a Glimpse of Waht Yer Not” foi lançado no passado dia 5 de agosto e não é essencial no mundo do rock, mas constituirá certamente um prazer apurado para quem gosta de guitarras efervescentes. Com 30 anos de carreira, esta que é uma banda modelo do rock alternativo mantém a sua qualidade composicional e continua a empolgar quem os ouve, apesar de estar agora mais macia e menos anárquica.
Em todo o caso, este novo álbum consegue fazer refletir 30 anos de punk, grunge e sons alternativos. O tema “Tiny”, que lhe deixamos aqui é sintomático.