Off the record

Patrícia Mamona: um salto para a eternidade

Aos 27 anos, a atleta portuguesa não precisou de chegar às medalhas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro para conquistar o Brasil e o mundo. Conseguiu-o não só por ter batido o recorde nacional de triplo salto, mas sobretudo por irradiar beleza, elegância e simpatia. Na realidade, isso era tudo o que temia…

“Não quero ser vista como uma atleta bonita, quero ser vista como uma boa atleta de triplo salto. A beleza passa, as passarelas também, e daqui a uns anos não serei tão fofinha como agora. Mas os títulos ninguém me pode tirar, é isso que fica”, disse numa de várias entrevistas que concedeu a propósito do evento desportivo que decorre no Brasil.

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Estas palavras são reveladoras da sua total dedicação e entrega ao triplo salto. Nada nem ninguém parece conseguir desviá-la desse trilho que decidiu percorrer bem cedo na sua vida, mesmo que as tentações, como a de fixar-se no mundo da moda, surjam ao virar de cada esquina.

Patrícia Mbengani Bravo Mamona é filha de angolanos, mas nasceu em São Jorge de Arroios, em Lisboa, a 21 de novembro de 1988. Passou a sua infância no Cacém e em 2001, com apenas 13 anos, inscreveu-se no JOMA. Foi aí que a aventura no desporto começou e se prolongou até 2007.

Antes de prosseguirmos na viagem pela sua carreira, façamos uma pausa para falar do nome de guerra que escolheu para a acompanhar no triplo salto e que muita curiosidade suscita. O apelido Mamona é invulgar e, consequentemente, apelativo a muitas brincadeiras. Ainda assim, conforme já fez questão de vincar, não se arrepende de o ostentar a cada prova em que participa.

Quando Patrícia atingiu a maioridade, sentiu que, em Portugal, não conseguiria conciliar os estudos com o triplo salto. “Entrei cá em medicina, mas estava a ser muito difícil conciliar o semestre com os treinos. Havia muita pressão a nível escolar, a ajuda na vertente desportiva era pouca e os professores quase me obrigavam a escolher entre a escola e os treinos”, contou em entrevista ao site do Sporting, clube que representa.

Como não estava disposta a abdicar do sonho desportivo, mudou-se para os Estados Unidos com apenas 18 anos, fixando-se no estado da Carolina do Sul, onde tirou o curso de medicina, na Universidade Clemson. Essa experiência vivida no outro lado do Atlântico continua bem presente no seu dia a dia, pois é com grande facilidade que traduz para inglês as suas mensagens para os fãs, nas redes sociais.

Em 2011, já vinculada ao Sporting, tinha a licenciatura terminada e, nesse período, tornou-se na primeira atleta portuguesa a superar a marca dos 14 metros no triplo salto numa conceituada prova norte-americana. Daí para a frente não mais deixou de bater recordes nacionais e de enriquecer o seu currículo.

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No Rio2016 deu o tal salto para a eternidade, no qual juntou o útil ao agradável, ao estipular um novo recorde nacional (14,65m), conquistando, em simultâneo, o foco das objetivas, pois deixou tudo e todos rendidos aos seus encantos.

Mamona não chegou ao pódio, ficou num honroso 6.º lugar, mas isso só lhe deu mais força para continuar com empenho no triplo salto: “Estive no meu melhor de sempre, numa final olímpica de muito alto nível com as melhores do mundo!! Num estádio cheio, com uma ‘vibe’ incrível… Mais um recorde nacional e o 6° lugar a 9 centímetros da medalha de bronze! Ahhhh, passou tão rápido! Quero saltar mais, muito mais! E ainda maior está a minha motivação para treinar mais, muito mais.”

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Quanto à medalha olímpica, Patrícia, os portugueses estão dispostos a esperar por ela até aos Jogos de Tóquio’2020. Ainda assim, é igualmente expectável que, até lá, venha a dar ainda mais brilho ao seu já bem preenchido currículo, no qual se destacam estas conquistas:

– Recordista nacional do triplo salto (Rio de Janeiro, 2016)

– Medalha de ouro no triplo salto no Campeonato da Europa (Amesterdão, 2016)

– Medalha de prata no triplo salto no Campeonato da Europa (Helsínquia, 2012)

– 4.º lugar no triplo salto no Campeonato do Mundo de Juniores (Pequim, 2006)

– 8.º lugar no triplo salto no Campeonato da Europa (Barcelona, 2010)

– 13.º lugar no triplo salto nos Jogos Olímpicos (Londres, 2012)

– 9 vezes campeã de Portugal de Pista no triplo salto (2008, 2009, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)

– 5 vezes campeão de Portugal em Pista Coberta no triplo salto (2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)

– 1 vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Pista (2016)

– 2.º lugar na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Pista (2014)

– 3.º lugar na Taça dos Clubes Campeões Europeus de Pista (2014)

– 6 vitórias no Campeonato Nacional de Clubes de Pista (2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)

– 6 vitórias no Campeonato Nacional de Clube de Pista Coberta (2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016)