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Yusra Mardini e Rafaela Silva: Duas histórias de superação no ‘Rio 2016’

São dois exemplos perfeitos de superação e sucesso. A nadadora Yusra Mardini é refugiada da Síria. A judoca Rafaela Silva veio da Cidade de Deus, uma das maiores e mais problemáticas favelas do Rio de Janeiro.

As duas já estão a dar que falar nesta edição dos Jogos Olímpicos. Yusra tem captado a atenção do mundo enquanto ainda se mantém em prova. Rafaela Silva ganhou a medalha de ouro no judo, ultrapassando a mongol Sumiya Dorjsuren e a portuguesa Telma Monteiro, segundo e terceiro lugares, respetivamente.

Comecemos por Yusra Mardini, de 18 anos, que faz parte dos dez elementos da Equipa Olímpica dos Refugiados. Nasceu em Damasco, capital da Síria, e pratica natação desde os três anos. No ano passado fugiu da cidade com a irmã. Quando estava no barco, que levava 20 pessoas, o motor falhou ao largo da costa da Turquia. Como a maioria dos passageiros não sabia nadar, Yusra, a irmã e outros dois nadadores saltaram para o mar Egeu e ajudaram a puxar a embarcação para terra, evitando uma tragédia.

Yusra Mardini 3

A jovem vive atualmente em Berlim, na Alemanha, onde treina no clube de natação Wasserfreunde Spandau 04. Com a ajuda do treinador Sven Spannekrebs, nada todas as manhãs e à noite, enquanto estuda.

Esta é a sua primeira participação nos Jogos Olímpicos. Já competiu nos 100 metros de Mariposa e venceu a prova com 1m 09,21 segundos. Ainda assim foi insuficiente para ser qualificada para a semifinal. Volta esta quarta-feira, dia 10, à piscina para a prova de 100 metros livres.

Yusra Mardini 4

Rafaela Silva, de 24 anos, já arrecadou a sua primeira medalha olímpica. Foi ouro na categoria -57 quilos no judo, depois de ter sido duramente criticada pelos brasileiros pela sua exibição nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.

Ao aplicar um golpe proibido na húngara Hedvig Karakas, foi eliminada e vitima de racismo. “Já passou, tem quatro anos. Eu só posso falar: o macaco que tinha que estar na jaula em Londres hoje é campeão olímpico em casa. Hoje eu não sou a vergonha para a minha família”, declarou aos jornalistas depois da vitória de ontem.

Rafaela Silva medalha 2

Rafaela é negra e nasceu na Cidade de Deus. Começou a praticar judo em criança e por brincadeira. Conheceu a modalidade num projeto social e agora é campeã olímpica no seu país natal.

Nas bancadas os pais, a irmã e a sobrinha assistiram a tudo, emocionados. “Depois da minha derrota, muita gente me criticou, disse que eu era uma vergonha para minha família, para meu país. E agora sou campeã olímpica”, lembrou Rafaela aos jornalistas.

Rafaela Silva pódio

Na sua página oficial de Facebook, a judoca lembrou a “caminhada dura” que percorreu e dedicou a vitória aos brasileiros. Quanta às crianças de todo o mundo, favelas incluídas: “Se elas tiverem um sonho, têm que acreditar, porque ele pode se realizar”.