Duarte Gil Barbosa, de 44 anos, é enfermeiro de profissão e um “atleta informal” que leva a corrida “muito a sério”.
A trabalhar no Hospital de São João (HSJ), no Porto, há cerca de oito anos que convive “de perto” com pessoas com paralisia cerebral. Esse “convívio” acentuou-se quando no agregado de um “familiar próximo” nasceu uma criança com esta patologia que afeta o controlo motor e a postura, em resultado de uma lesão não progressiva aquando do desenvolvimento do sistema nervoso central.
Decidido a ajudar pessoas com esta doença, Duarte Barbosa decidiu participar na prova ’24H Portugal 2016′ – que terá ínicio pelas 12h00 do dia 17 de setembro em Vale de Cambra – onde se propõe a correu cerca de 200 quilómetros e doar um euro por cada mil metros percorridos à Associação do Porto de Paralisia Cerebral (APPC).
“Conheço a situação de perto e conheci o trabalho fantástico da APPC, daí ter decidido correr por esta causa. Não sou profissional a corrida, mas levo a corrida muito a sério”, referiu desafiando os restantes participantes a doarem “nem que seja um cêntimo” à APPC.
No hospital onde trabalha, o enfermeiro já conseguiu adeptos para esta causa pois dois médicos anestesistas, apesar de não correrem na prova, decidiram doar à instituição o mesmo valor que Duarte Gil Barbosa vier a estabelecer.
A meta deste “atleta informal” é conseguir nas 24 horas de prova fazer os referidos 200 quilómetros entre paragens para comer e “reabastecer as energias”.
“Não vai ser fácil. Sei bem disso. Na primeira edição do ’24H Portugal’ nenhum atleta conseguiu esta marca e no segundo ano só três é que a fizeram. De qualquer forma vou tentar os 200 quilómetros e por cada um entregarei um euro à APPC. Tenho esperança que tanto participantes, como familiares e espetadores da corrida abracem esta causa. Um cêntimo que seja é importante”, afirmou garantindo estar “muito motivado”.
Em fevereiro, numa prova ‘trail’ realizada em Conimbriga, Duarte Gil Barbosa, que corre há 14 anos, conseguiu entre a meia noite e as 15h30, fazer 120 quilómetros em alguns momentos “debaixo de chuva e neve”, descreveu.
Chegou à meta em oitavo na classificação geral e em segundo no escalão de veteranos.
Agora, em Vale de Cambra, a ambição não é o pódio, mas sim “recrutar” outros possíveis “mecenas” para a instituição que entre outras valências tem em Gondomar, distrito do Porto, a chamada “Villa Urbana” onde moram pessoas com paralisia cerebral em unidades residenciais autónomas.
Também são serviços e valências da APPC um centro de reabilitação, um centro de atividades ocupacionais e um centro prescritor de produtos de apoio, entre outros.
Informação publicada pela instituição nas redes sociais aponta que Duarte Gil Barbosa irá contar com a colaboração da terapeuta Marta Silva e o apoio da dupla de atletas Marco Silva e Paula Santos.
“Duarte Gil Barbosa, que profissionalmente desempenha funções na área da saúde, pretende com esta prova (e com o inerente esforço de tentar atingir os 200 quilómetros percorridos) destacar o já longo e diversificado trabalho desenvolvido pela APPC”, lê-se na nota da instituição.
O “24H Portugal” é um evento desportivo de corrida de resistência que irá decorrer no Parque da Urbano de Vale de Cambra, sendo composto por uma prova de longa duração – as tais 24 horas a correr – e uma prova de mais curta extensão de três horas a correr, com quatro partidas diferentes.
As duas provas poderão ser corridas a título solitário ou em estafetas.
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