Quando toca o despertador, tende a desligá-lo várias vezes até finalmente se levantar da cama? Costuma marcar dia e hora para ir ao ginásio, mas o conforto de casa acaba por vencer? Tem medo de ser chamado de preguiçoso? Nada tema. Todos somos assim. E há uma razão biológica para tal.
Pelo menos é o que defende a teoria de um professor de Harvard. Segundo Daniel Lieberman, especialista na evolução biológica humana, estamos todos predispostos a conservar energia. Antigamente gastava-se tanta energia a caçar e coletar comida que os antepassados procuravam descansar sempre que podiam.
No seu estudo ‘O exercício é realmente Medicina? Uma perspectiva evolutiva’ é possível perceber que não nascemos com a inclinação natural para fazer exercício apenas por saúde.
“É natural e normal ser fisicamente preguiçoso”, começa por dizer o especialista. “Prevejo que os caçadores-coletores no Kalahari ou da Amazónia são tão prováveis de evitar o esforço desnecessário como os americanos do século 21. Apesar de uma pequena percentagem de pessoas praticar exercício hoje em dia como uma forma de medicina, fazendo a sua dose prescrita, a grande maioria das pessoas comporta-se hoje exatamente como os seus antepassados, exercitando-se apenas quando é divertido (como uma forma de jogo) ou quando necessário”, adiantou ao jornal ‘The Washington Post’.
Lieberman explica que os nossos antepassados lutaram para acumular comida suficiente para compensar as calorias que queimavam quando procuravam essa comida. Por isso precisavam de conservar a sua energia quando podiam. A maioria dos seres humanos modernos que fazem exercício não precisa de se preocupar sobre se, depois de um treino duro, serão capazes de compensar o défice calórico.
“Os nossos instintos são sempre para economizar energia. Para a maioria da evolução humana isso não importava, porque se queriam colocar o jantar na mesa, tinham que trabalhar no duro “, disse Lieberman numa outra entrevista.
“É só recentemente que temos máquinas e tecnologia que tornam a nossa vida mais fácil. Nós temos herdado esses instintos antigos, mas criamos este mundo de sonho e o resultado é a inatividade”, concluiu.
Posto isto, da próxima vez que sentir preguiça, já sabe. Culpe a biologia.