Off the record

Catarina Furtado: “Não conseguiria viver do meu ego”

Catarina Furtado é um dos nomes incontornáveis do panorama artístico português. Seguida por milhares de pessoas, quer pelo seu trabalho em televisão quer pelo lado humanitário na Associação Corações com Coroa e nas Nações Unidas, a apresentadora é, aos 44 anos, uma mulher realizada.

Filha do jornalista Joaquim Furtado cresceu “dentro da caixa mágica” e, por influência do pai, desde cedo começou a trabalhar no meio. Com mais de duas décadas de carreira, Catarina tem um vasto currículo que inclui programas como o ‘Top Mais’, ‘Chuva de Estrelas’, ‘Caça ao Tesouro’, ‘Operação Triunfo’, ‘Dança Comigo’, ‘Quem Tramou Peter Pan’, ‘The Voice’, ‘Príncipes do Nada’, entre outros.

Mas o seu desejo de “visitar” a representação levou-a a dada altura a abandonar a televisão para rumar a Londres onde estudou na London International School of Acting e no Actor’s Studio, despertando a arte de viver outros papéis.

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Ninguém é capaz de lhe contestar o talento para as áreas que fazem dela uma das figuras públicas mais respeitadas do país. Um “papel” que só faz sentido por lhe permitir manter o seu lado humanitário: “É dessa forma que encaro o ser figura pública. Não sou moralista em relação a todas as outras pessoas, mas eu não conseguiria viver do meu ego, da minha imagem, se fosse uma coisa só para mim! Já estaria enjoada de mim própria”.

A atuar em “várias frentes”, a comunicadora prepara-se para estrear mais uma série de dez episódios de ‘Os Príncipes do Nada’. Um trabalho que resulta das suas visitas a “Timor, Moçambique, Guiné Bissau e São Tomé e Príncipe” e que tem como principal propósito mostrar ao público que “há vários objetivos por cumprir do ponto de vista do desenvolvimento sustentável” naqueles países. “O programa informa e emociona, e espero que não deixe ninguém indiferente”, sublinha a Embaixadora da Boa Vontade, do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA).

Em paralelo, continua embrenhada na associação ‘Corações com Coroa’ que criou, atualmente virada para a problemática da ‘Violência no Namoro’. Um projeto que visa a visita a várias escolas, onde já foram “identificados seis casos” que “estão agora a ser acompanhados na sede da associação”.

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Regresso aos palcos ao lado do marido, o ator João Reis

À margem das causas que abraça, a eterna “namoradinha de Portugal” irá voltar aos palcos com a peça ‘Os Dias Realistas’, ao lado do marido, o ator João Reis, de Manuela Couto e Paulo Pires. Esta será a primeira vez que o casal se encontra no plateau.

“É assim que me sinto realizada”, assume, confessando “saudades do palco”. “A última vez que fui atriz foi nos ‘Filhos do Rock’ e a verdade é que sinto uma espécie de ressaca quando vejo muita realidade, e a que tenho visto nos últimos tempos tem sido muito dura. Acho mesmo que preciso da ficção para fazer este balanço, para manter o equilíbrio e ficar minimamente sã”, ressalva.

Num registo mais cómico, agora no teatro, afiança estar “confortável” no papel de Bambo. “Eu gosto de comédia – e quando fiz o ‘Lampião da Estrela’ com o Herman, ele disse até que eu devia investir nela – mas esta não é uma comédia óbvia”, adianta relembrando que a peça aborda temas como “a dificuldade da perda e o amor”. “É uma coisa muito virada para os outros”, garante, orgulhosa do que aí vem.

Catarina também se sente “muito bem ao lado de Manuela Couto e Paulo Pires, com quem não tinha trabalhado antes “por uma questão de agenda”. Mas, “com esta peça, este elenco e esta produção fazia todo o sentido voltar”.

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Acima de tudo, feliz
A viver a um ritmo alucinante entre ensaios, galas em direto do ‘The Voice’ e as causas sociais, Catarina não perde o sorriso e o brilho no olhar e muito menos descura o seu papel de mãe de Beatriz e João Maria, de dez e nove anos respetivamente. “Estou lá sempre para eles. Para prepará-los, para ouvi-los e a dar tudo por tudo”.

Ciente que “há sempre qualquer coisa que falha”, a estrela da RTP confessa-se “tranquila”. Isto pelo “facto de ter percebido que não posso ser perfeita” e daí não temer a azáfama dos seus dias.

“Aquilo que me move – que é tocar os outros – precisa do meu tempo e da minha energia, então não me deixa espaço para desistir”, assegura, certa em contribuir “de alguma forma para que as pessoas vivam um bocadinho melhor em Portugal e no resto do mundo”.

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