Na vida como na morte, a influência do ex-presidente cubano é de tal maneira grandiosa que leva os habitantes da ilha a cumprir escrupulosamente as regras impostas.
É o que se vê já neste período de 9 dias de luto. O governo estipulou a forma como se deve encarar esta semana (note-se que o óbito de Fidel Castro só foi anunciado no sábado pelo irmão Raúl Castro, no dia seguinte à morte).
Primeiro, silêncio. Nada de música. Ou melhor, nada de ruídos nem sons altos nem sequer reggaeton (estilo muito apreciado em Cuba). Só se pode ouvir em casa música clássica, a única autorizada a passar nas rádios, e num volume baixo. Os bares e restaurantes tiveram de deixar de ter apresentações de música ao vivo. Até o concerto do tenor espanhol Plácido Domingo, marcado para domingo, dia 27, foi cancelado.
Quem ousar ouvir música na rua, mesmo pelos phones, pode ser apanhado pela polícia ou denunciado por alguém dos Comités de Defesa da Revolução (basicamente populares que denunciam outros).
Depois, abstinência. Não se pode beber álcool, a não que seja feito dentro de casa (e mesmo aqui é só cerveja ou vinho). E nada de euforias.
Finalmente, meios de comunicação. Os cinco canais de televisão do país passam agora a mesma programação, sempre relacionada com Fidel Castro. Já os jornais têm de ser impressos a preto e branco.
As cinzas de ‘El Comandante’ percorrem a ilha durante quatro dias, até ao dia do funeral, a 4 de dezembro, domingo.
Santiago de Cuba é o local escolhido para a última despedida de um homem, descrito como “controverso e revolucionário” por uns e “ditador” por outros, e a quem foi atribuída uma fortuna milionária.
Segundo a revista Forbes, Fidel tinha 900 milhões de dólares em 2006, fruto sobretudo das empresas que tinha em seu nome, por serem propriedade do Estado. O que na altura foi considerada pelo antigo líder “uma mentira absoluta”.