“O futebol ajudou-me a ter vontade, a exercer a minha capacidade de resistência física, deu-me prazer, satisfação, espírito de luta e competitividade.” Estas palavras foram proferidas pelo antigo líder cubado, que morreu na madrugada portuguesa deste sábado (26), e ajudam a provar que o desporto-rei esteve sempre bem vincado na sua personalidade.
Fidel Castro também deixa, assim, o mundo do desporto de luto. Adepto confesso do beisebol, do basquetebol e até da natação, acabou por ser com a bola nos pés que o antigo presidente de Cuba se dedicou ao desporto e desde bem cedo na sua vida.
Ironia suprema, foi como extremo-direito que jogou futebol, logo ele que sempre defendeu as ideologias políticas de extrema-esquerda: “Eu era atacante, porque corria bastante. Foi no quinto ano de escolaridade que comecei a jogar futebol, no Colégio Dolores, em Santiago de Cuba. O campo era de cimento e a bola não era como as de agora.”
Na hora de recordar a sua vida é impossível não se fazer referência à relação de forte amizade que manteve com aquele que muitos consideram ser o maior futebolista de todos os tempos. O argentino Diego Armando Maradona chegou a considerar Fidel Castro como “o maior da história da humanidade” e, em jeito de homenagem, até tatuou o rosto do político na sua perna esquerda, a mesma que usou para driblar adversários e marcar os grandes golos da sua carreira.
A amizade entre os dois era tão forte que, em janeiro de 2000, Maradona decidiu internar-se numa clínica cubana para curar a sua dependência de drogas. Posteriormente, Fidel Castro partilhou com o mundo as cartas que recebeu do astro argentino, nesse período, e que visavam sobretudo as suas reflexões políticas.
Ainda no que toca à presença do desporto na vida do antigo líder cubano, há também que mostrar o lado mais negro. Durante o seu longo mandato ditatorial, foram vários os desportistas cubanos que aproveitaram as suas participações nas grandes provas das diversas modalidades, como Jogos Olímpicos ou Campeonatos Mundiais, para a abandonarem o país e uma vida no limiar da pobreza.