As eleições presidenciais norte-americanas já se realizaram há quase 20 dias, mas estão longe de estar oficialmente encerradas.
E se a vitória de Donald Trump frente a Hillary Clinton não tivesse criado já polémica suficiente, o que dizer do que se segue?
Protestos, gritos contra Trump e críticas. Os Estados Unidos da América dividiram-se em dois lados: pró e anti-candidato do Partido Republicano.
E graças ao Partido Verde, o mesmo que em 2004 também pediu a recontagem dos votos após as eleições disputadas por George W. Bush e John Kerry, a polémica não tem fim à vista.
Aquela força política pediu formalmente a recontagem dos votos no Wisconsin, que Donald Trump conquistou com menos de 30 mil votos, e tem o apoio de Hillary Clinton.
Jill Stein, o mentor desta iniciativa, já angariou mais de 5 milhões de dólares (4,72 milhões de euros) para financiar os esforços associados a uma recontagem de votos.
“Agora que uma recontagem foi iniciada no Wisconsin, tencionamos participar nela de maneira a assegurar que o processo decorre de uma maneira que seja justa para todos os lados”, escreveu Marc Erik Elias, um dos conselheiros de topo da equipa da democrata, num post do site Medium.
Marc Erik Elias disse ainda que a campanha de Hillary Clinton fez uma investigação às eleições, acrescentando que não foram descobertas provas de intromissões no sistema ou “tentativas externas de alterar a tecnologia de voto”. Até agora.
“Acreditamos que temos uma obrigação perante os 64 milhões de americanos que votaram em Hillary Clinton de participarmos nos procedimentos que decorrem para assegurar que seja feita uma contagem precisa dos votos”, concluiu.
Em comunicado, Donald Trump criticou fortemente esta iniciativa, classificando-a de ridícula.
“Esta recontagem é apenas uma maneira de Jill Stein, que recebeu menos de 1% de todos os votos e que não estava sequer no boletim de voto de muitos estado, encher os seus cofres com dinheiro, muito do qual ela nunca há-de usar nesta recontagem ridícula”, escreveu.
No Twitter foi muito mais longe. Com tweets consecutivos – como é aliás sua imagem de marca -, arrasou por completo a ideia.
“Hillary Clinton reconheceu a eleição quando me ligou pouco antes do discurso da vitória e depois dos resultados saírem”, escreveu Trump este domingo. “Nada vai mudar.”
O presidente eleito citou ainda o discurso da derrota de Hillary: “Devemos-lhe [ao vencedor] uma mente aberta e a oportunidade de liderar” e concluiu: “Tanto tempo e dinheiro serão gastos – o mesmo resultado!”
Clinton teve mais de dois milhões de votos do que Trump, mas o empresário obteve 290 votos do Colégio Eleitoral, contra os 232 de Hillary. São precisos 270 para ganhar a presidência nos EUA.
O estado do Wisconsin tem 10 votos no Colégio Eleitoral, que ao todo conta com 538 postos. Num momento em que a contagem de alguns estados ainda não está concluída, Donald Trump poderá somar 306 votos e Hillary Clinton 232.
Em 2004, a recontagem foi feita no estado do Ohio e resultou numa diferença de apenas mais 300 votos a favor do candidato democrata John Kerry, que ainda assim continuou a sair derrotado daquele estado. E das eleições.