Uma equipa de investigadores da Universidade Católica de Lovaina, na Bélgica, descobriu que, administrada em grande quantidade, a proteína batizada de Amuc_1100 conseguia bloquear completamente o desenvolvimento de intolerância à glicose e de resistência à insulina, tanto numa dieta normal como numa dieta rica em gordura.
Esta proteína, que faz parte da membrana externa da bactéria ‘Akkermansia muciniphila’, vive exclusivamente na flora intestinal de animais vertebrados, como o homem.
Para conseguir manter essa substância, os cientistas optaram por passá-la por um processo de pasteurização, ou seja, a mesma foi aquecida acima de 70 graus.
“Descobrimos não só que a bactéria produzida dessa maneira conserva as suas propriedades, mas também que dobra em eficácia, sendo capaz de deter totalmente o desenvolvimento da obesidade e da diabetes tipo 2, independente do regime alimentar”, afirma Patrice Cani, investigador responsável pela pesquisa.
Segundo o estudo e como reporta a BBC, a Amuc_1100 atua como uma espécie de barreira protetora, diminuindo a permeabilidade do intestino e impedindo que as toxinas presentes na massa fecal entrem na corrente sanguínea.
Essa barreira também reduz a absorção de energia pelo intestino, resultando num menor ganho de massa corporal.
Patrice Cani esclarece ainda que “estas toxinas contribuem para o desenvolvimento da diabetes, de inflamações, distúrbios metabólicos e para que as pessoas obesas sintam fome constantemente”. Uma vez controladas é certo que esse tipo de patologias passe a ter resolução, melhorando a vida dos doentes.
O tratamento com Akkermansia muciniphila pasteurizada já foi submetido a uma primeira fase de testes em humanos e a conclusão é que sua administração não apresenta riscos para a saúde.
A prova foi realizada com quatro grupos de dez voluntários, em alguns casos durante 15 dias, em outros durante três meses, seguindo os procedimentos habituais para esse tipo de pesquisas.
Um grupo recebeu uma dose diária de um bilião de bactérias vivas, outro 10 mil bactérias vivas, o terceiro um bilião de bactérias pasteurizadas e o último um placebo.
Segundo Cani, “nenhum dos voluntários apresentou qualquer problema”.
A segunda fase de testes em humanos, para determinar os efeitos clínicos da bactéria sobre a obesidade e a diabetes, deve ser concluída no segundo semestre de 2017 e contar com mais de 100 voluntários.
Se os resultados forem positivos, será o primeiro passo para o desenvolvimento de um futuro produto terapêutico contra ambas doenças, que poderia chegar ao mercado em um prazo de cinco ou seis anos.