Foi eleito como sucessor de Bento XVI a 13 de março de 2013. Pode não ter sido há tanto tempo assim, mas é o suficiente para deixar o mundo preocupado com a possibilidade de abdicar.
O Papa Francisco admitiu isso mesmo num documentário lançado esta semana em Itália. “É como uma sensação vaga e até pode não ser assim, mas tenho a sensação que o Senhor me pôs aqui por pouco tempo”, referiu o Sumo Pontífice em conversa com o seu confidente de longa data António Spadaro, durante o filme.
“O meu pontificado será breve, entre quatro a cinco anos”, adiantou Francisco no filme produzido pelo canal privado Sky Atlantic. Se isso se concretizar, março de 2017 pode ser a data final do papado do primeiro sul-americano e primeiro jesuíta à frente aos destinos da Igreja Católica.
E o percurso, até agora, tem sido incrível. Até em termos de personalidade houve mudanças. O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, conhecido por ser sisudo e reservado, deu lugar a um Papa extrovertido, sorridente e enérgico.
Em 44 meses, Francisco I fez 17 viagens internacionais, tendo já passado pelo Brasil, Jordânia, Israel, Palestina, Coreia do Sul, Turquia, Sri Lanka, Filipinas, Equador, Bolívia, Paraguai, Cuba e Estados Unidos da América, Quénia, Uganda, República Centro-Africana, México, Arménia, Polónia (e o silêncio de Auchwitz), Geórgia, Azerbaijão e Suécia, bem como pelas cidades de Estrasburgo (França), onde passou pelo Parlamento Europeu e o Conselho da Europa, Tirana (Albânia), Sarajevo (Bósnia-Herzegovina) e Lesbos (Grécia).
O seu estilo é diferente de outros Sumos Pontífices. Em relação ao seu antecessor Bento XVI, mais reservado, a diferença é abismal. Até em termos de popularidade, como se de uma estrela pop se tratasse.
O Papa Francisco trouxe um novo vigor à Igreja Católica. Todos parecem simpatizar com ele. O facto de fazer questão de sair do Vaticano, sempre que pode, e encontrar-se com quem mais necessita também ajuda a essa empatia. Já o fazia pelos bairros periféricos da América do Sul, agora percorre o mundo.
Nos seus discursos nota-se uma maior abertura da Santa Sé a algumas questões fraturantes do Catolicismo: o acesso aos sacramentos por parte dos divorciados recasados; o uso de contracetivos para evitar gravidezes na América Latina durante a epidemia do Zika; e o aborto “não é um mal absoluto” quando se trata de evitar uma gravidez por motivos excecionais.
Ultimamente tem vivido dias mais tumultuosos, uma vez que pretende reformas económicas no Vaticano e sofre críticas dos conservadores sobre a sua abordagem pastoral.
A 12 e 13 de maio do próximo ano vem a Portugal pela primeira vez. Estará em Fátima, e apenas em Fátima, no centenário das aparições da Virgem Maria aos pastorinhos, na Cova da Iria.
Hoje, 17 de dezembro, comemora 80 anos de vida. E quem o quiser felicitar, o Vaticano criou um endereço de email, disponível em várias línguas (o português é [email protected]). Ou então pode usar a hashtag #pontifex80 nas redes sociais.
O dia de aniversário do Papa vai começar com uma missa às 08h00 (07h00 em Portugal), na Capela Paulina do Palácio Apostólico (a mesma onde rezou nos primeiros minutos depois de ser eleito Papa), com a presença dos cardeais residentes em Roma, e prossegue com a habitual agenda de encontros.
Um dia aparentemente normal de um Papa diferente.
Entretanto já soprou as velas, antecipadamente: