George Michael é o nome artístico de Georgios Kyriacos Panayiotou, músico britânico de ascendência grega que integrou o duo Wham no final da década de 80, com Andrew Ridgeley, e se destacou também a solo na música pop, tendo vendido mais de cem milhões de discos durante toda a sua carreira. Um percurso que terminou abruptamente no último domingo (25) quando, aos 53 anos, o coração o atraiçoou.
Chegou a ser um dos homens mais sexy’s do mundo. Ainda assim nunca quis para si a fama de ‘sex-symbol’, pelo contrário. Dizia-se “igual a todos os outros” apesar do enorme sucesso que tinha junto do público feminino.
“No armário” até à idade adulta
Na verdade, George viveu “enclausurado” durante grande parte da sua vida, uma vez que escondia a sua sexualidade do pai e até dos fãs, com receio de ser condenado em praça pública.
Quando finalmente se assumiu como bissexual, ao contrário do que previa, o mundo aplaudiu-o e o seu sucesso cresceu.
Desde então, abraçou várias causas ligadas à comunidade LGBT às quais, secretamente fazia grandes doações de dinheiro. Entre as muitas pessoas e instituições que ajudou está a Terrence Higgins Trust, uma instituição para pessoas portadoras do vírus da sida, e a Macmillan Cancer Support e Chiddline, que aconselha jovens por telefone.
No fundo, Michael não gostava de protagonismo. Aliás, é assim que muitos colegas, ex-companheiros e família o recordam: “Humilde, gentil e sempre preocupado como próximo”.
Mas a vida do cantor não foram só sonhos. Pelo contrário. A carreira do britânico foi marcada por um enorme sucesso de vendas, muitos aplausos, mas também por escândalos.
Chegou a ser notícia pela sua dependência de drogas – pela qual foi preso várias vezes – e pela depressão contra a qual lutou até à sua morte.
Numa entrevista à BBC, chegou a afirmar estar grato por “fazer parte da vida das pessoas como artista”, admitindo também que lhe era difícil suportar o sucesso: “Meu Deus, quem dera pudesse suportá-lo. Eu queria ter nascido com uma armadura, mas não é assim”.
A nunca superada morte de “um grande amor”
Embora se dissesse bissexual, era conhecida a preferência do músico por indivíduos do sexo masculino. De tal forma que viveu durante 13 anos com o marchand Kenny Goss, de quem se separou em 2009.
Antes, por volta do ano de 1991, quando atuou no Rock in Rio, havia conhecido aquele que foi o grande amor da sua vida: o estilista brasileiro Anselmo Feleppa.
O designer morreu em 1995 vítima de SIDA e, segundo fontes ligadas ao cantor, George Michael nunca mais foi o mesmo, tendo inclusivamente refletido a dor da perda nas suas músicas. Em 1996, lançou ‘Older’ cujo primeiro single, ‘Jesus to a Child’ era inspirada em Anselmo.
Há quem acredite que foi a morte do seu grande amor que fez com que assumisse sem tabus a sua homossexualidade anos mais tarde.
À data da sua morte, George Michael vivia uma relação com o cabeleireiro Fadi Fawaz que durava há já quatro anos. Foi aliás Fawaz quem descobriu o corpo do músico no dia de Natal.
Homenagens sucedem-se
George Michael, que esteve uma única vez em Portugal em 2007 no Estádio Municipal de Coimbra, por ocasião dos 25 anos de carreira, preparava-se para retomar a sua carreira que estava em stand-bye desde 2012, altura em que atuou pela última vez, no Earls Court Exhibition Centre, em Londres.
Um concerto que deixa saudades e jamais poderá ser repetido. Para trás, ficam seis álbuns a solo – o último dos quais “Symphonica”, em 2014, e que é um registo ao vivo da sua prestação na capital britânica -, dois prémios Grammy e temas que preenchem o imaginário de milhares de fãs como “I want you sex”, retirado do premiado álbum de estreia “Faith”, “Jesus to a child” e “Freeek!”.
George Michael deixa ainda uma fortuna avaliada em mais de 100 milhões de euros (sem contabilizar os direitos de autor e merchandising) que se acredita ser dividida entre os quatro afilhados do artista – os filhos do baixista do grupo Spandau Ballet Martin Kemp, Roman e Harley Moon Kemp, e os dois filhos de seu primo Andros – as suas duas irmãs, Melanie e Yioda, o namorado, Fadi Fawaz, e Bluebell, a filha da ex Spice Girl Geri Halliwell, que apesar de ser afilhada do ex-companheiro de George Michael, Keny Goss, estará incluída no testamento.
Entretanto, as homenagens ao malogrado cantor sucedem-se, quer nas redes sociais quer à porta de sua casa em Oxfordshire.
Recorde a atuação de George Michael em Coimbra, por ocasião dos seus 25 anos de carreira: