Um grupo de cientistas do Instituto de Salk, na Califórnia, desenvolveu uma terapia genética que permite modular as células da pele de cobaias, o que pode tornar possível reverter o processo de envelhecimento e aumentar a esperança média de vida dos humanos.
“O nosso estudo mostra que o envelhecimento pode não ter de seguir uma única direção. Com uma modelação cuidada, o envelhecimento pode ser revertido”, afirmou o investigador que orientou o estudo, Juan Carlos Izpisua Belmonte.
O sucesso estudo parece estar nas células pluripotentes induzidas (IPS), que têm as propriedades das células embrionárias mas são criadas a partir da reprogramação das células adultas.
“Já foi possível reprogramar as células e fazê-las voltar ao estado inicial, tornando-as indiferenciadas. O que conseguimos provar agora, é que é possível fazê-lo sem que percam a sua identidade”, explicou Pradeep Reedy, um dos autores do estudo.
A produção das células envolve a reativação de quatro genes adormecidos. Esta técnica baseia-se no trabalho do investigador japonês Shinya Yamanak, que recebeu o prémio Nobel da Fisiologia e Medicina, em 2012.
A reprogramação das células parece estar associada ao desenvolvimento de tumores cancerígenos, em adultos. No entanto, as cobaias sujeitas aos novos testes, e que sofriam de envelhecimento prematuro, mostraram-se rejuvenescidos e sem sinal de doença.
Os animais foram submetidos ao tratamento durante seis semanas e no final da experiência apresentavam um aspeto mais jovem, estavam mais saudáveis e acabaram por ter um tempo de vida 30% mais longo.
Os cientistas destacam que esta técnica, divulgada na revista científica ‘Cell’, não elimina totalmente o processo de envelhecimento – a esperança média de vida é que pode aumentar.
“Obviamente, os ratos não são humanos e sabemos que será muito mais complexo rejuvenescer uma pessoa”, afirmou Izpisua Belmonte, acrescentando que “este estudo mostra que o envelhecimento é um processo muito dinâmico e plástico e, portanto, será mais acessível a intervenções terapêuticas do que pensávamos”.
A experiência ainda só foi feita com cobaias, mas os especialistas esperam seja testada em seres humanos na próxima década.