As cerimónias fúnebres do primeiro funeral de Estado após o 25 de Abril e do primeiro de um presidente eleito depois de 1974 terminaram.
As palavras, em dois discursos emocionados, de João Soares e Isabel Soares que se despediram do pai, esta terça-feira (10), na cerimónia solene evocativa realizada nos claustros do Mosteiro dos Jerónimos, marcaram o momento.
João Soares foi o primeiro a discursar. Consternado, o filho de Mário Soares e Maria Barroso evocou o passado de combate político do antigo Presidente da República e a sua luta pela Liberdade. Recordando o longo percurso político de Mário Soares, lembrou como ele “conhecia Portugal, as suas terras e gentes, maneiras de estar e viver, como poucos”. No final, despediu-se com um, “adeus, querido pai“.
Isabel Soares teve um discurso ainda mais emotivo, começando por mencionar a mãe, Maria Barroso, “companheira que foi exemplar, em 66 anos de vida comum e de paixão total”. Com voz embargada pela emoção recordou o otimismo e a boa disposição do pai e a cumplicidade que os unia. “A nossa mãe dizia que éramos iguais de feitio. Apaixonados e coléricos”.
“O pai era, para o João e para mim, o nosso herói. Quando o pai estava, tudo parecia seguro e tranquilo. Ensinou-nos desde muito pequeninos a não ter medo do escuro, nem das ondas do mar da Foz do Arelho”, sublinhou.
Isabel Soares revelou ainda os últimos dias de Mário Soares no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa. “O pai partiu como viveu: a lutar até ao fim e rodeado pelos seus dois filhos. Com a sua mão na minha”.
A urna de Mário Soares foi colocada no jazigo 3820 na presença da família, amigos e de altas entidades do Estado. O mesmo jazigo onde estão também os restos mortais da sua mulher, Maria Barroso.
Para amanhã, quarta-feira (11), dia em que se assinala o terceiro dos três dias de luto nacional, está marcada uma cerimónia no parlamento.